Título: Justiça do Rio condena Waldomiro
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Fonte: O Globo, 02/03/2012, O País, p. 12

Cachoeira, envolvido no mesmo escândalo no governo Lula, também recebe pena

RIO e BRASÍLIA. A Justiça do Rio condenou esta semana os dois pivôs do primeiro escândalo dos governos Lula, o ex-presidente da Loterj Waldomiro Diniz e o empresário de jogos de azar Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, por corrupção e crime contra a Lei de Licitações, como informou ontem a coluna de Ancelmo Gois no GLOBO. Em vídeo divulgado em 2004, Waldomiro aparece pedindo a Carlinhos Cachoeira propina de 1% do valor do contrato firmado entre o consórcio Combralog, que o empresário representava, e a Loterj, o equivalente a R$ 1,7 milhão.

A divulgação das imagens resultou na demissão de Waldomiro, um dos principais assessores do então ministro da Casa Civil José Dirceu. A decisão ocorre na mesma semana em que Carlinhos Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo Polícia Federal contra caça-níqueis.

A sentença da juíza Maria Tereza Donatti, da 29 Vara Criminal do Rio, condena o ex-presidente da Loterj a 12 anos anos de reclusão, com multa de R$ 170 mil, e 240 dias-multa (sendo que o valor de cada dia-multa será de um salário mínimo) pelos crimes contra a Lei de Licitações e de corrupção passiva. A pena de Carlinhos Cachoeira foi de oito anos de reclusão, multa de R$ 85 mil e 160 dias-multa, pelos crimes contra a Lei de Licitações e de corrupção ativa. A juíza afirma que os dois devem cumprir pena em regime fechado, mas eles poderão recorrer. O GLOBO entrou em contatos com os advogados de Cachoeira e Waldomiro, mas não obteve retorno.

Araponga também é preso

na Operação Monte Carlo

Na Operação Monte Carlo que prendeu Carlinhos Cachoeira, foi preso também o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos mais conhecidos arapongas de Brasília. O sargento, ex-integrante do serviço de inteligência da Aeronáutica, participou da Operação Satiagraha, investigação sobre o banqueiro Daniel Dantas. O sargento participou da fracassada tentativa da contratação de serviços de contra-espionagem por ex-integrantes da campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff em 2010.

Entre os investigados está também o delegado Deuselino Valadares, que ganhou destaque na PF desde as investigações sobre o escândalo da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), no início da década passada. Valadares foi o delegado que intimidou a governadora Roseana Sarney. O episódio levou Roseana a desistir da candidatura Presidência da República em 2002. Policiais militares de Goiás interrogados ontem confirmaram vínculos com a organização de Cachoeira, suposto chefe da exploração de caça-níqueis.