Título: Rio tirou a pior nota entre as maiores cidades
Autor: Souza, André de
Fonte: O Globo, 02/03/2012, O País, p. 10

Desempenho na capital ficou abaixo da média do país; no estado, situação também preocupa, pois só ganhou de RO e PA

BRASÍLIA. A saúde pública no Rio de Janeiro obteve a pior avaliação entre as maiores cidades do país medidas pelo novo indicador de qualidade criado pelo Ministério da Saúde. Numa escala que vai de 0 a 10, o Rio tirou nota 4,33, no Índice de Desempenho do Sistema Único do Saúde (IDSUS), abaixo da média do país, que ficou com 5,47. No estado do Rio, a situação também é preocupante: recebeu nota 4,58, a terceira pior, à frente apenas de Rondônia e Pará. Outras cidades do Rio aparecem na lista de mais baixo desempenho: São Gonçalo (4,18), Niterói (4,24), Nova Iguaçu (4,41) e Duque de Caxias (4,57).

No extremo oposto, Vitória obteve a maior nota entre as principais cidades. O ministério dividiu os municípios em seis grupos de acordo com o porte da cidade e os serviços que presta via SUS. A capital do Espírito Santo foi a campeã do grupo 1, o mesmo em que o Rio ficou em último lugar. Os números foram divulgados ontem pelo Ministério da Saúde, que calculou o IDSUS de todas as cidades e estados do país.

Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o que mais pesou para a avaliação do Rio foi o baixo acesso à atenção básica. Os dados usados para calcular o índice são de 2008 a 2010. Mas, de acordo com Padilha, houve uma melhora em 2011. Ele diz que, se contados os dados do ano passado, o Rio de Janeiro estaria acima da média nacional. O ministro informou que, em 2008, o acesso à atenção básica só chegava a 3% da população carioca, mas que até o fim de 2012 deverá chegar a 50%.

Padilha também acredita que o alto número de usuários de planos de saúde no Rio também contribuiu para o resultado, uma vez que eles não são excluídos da avaliação. Por exemplo: se houver baixo uso do SUS para exames de mamografia, porque parte das mulheres prefere usar o plano privado, o indicador terá uma nota baixa.

- Outra coisa que pesa muito na cidade do Rio é que a proporção de pessoas que têm acesso à saúde suplementar é muito maior que em outras capitais do Brasil. Como o cálculo do IDSUS é pensando no conjunto da população da cidade, porque o SUS pretende ser universal e, na prática, muita gente que tem plano usa bastante o SUS, você tem que pensar o índice a partir do conjunto da população. Então, o sentimento de não acesso no Rio de Janeiro pode ser menor do que o sentimento de não acesso em outras cidades - avaliou Padilha.

De acordo com o diretor do Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS, Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira, não é possível responsabilizar apenas o município pela nota que tirou, uma vez que o SUS é formado pelas várias esferas de governo:

Não estamos fazendo avaliação da gestão estadual ou municipal. É uma avaliação que tem que ser vista e assumida pelas três esferas de governo.

No estado do Rio, a cidade de Piraí, do grupo 3, teve a maior nota: 7,14. A nota mais baixa no estado ficou com Guapimirim: 3,53, a oitava pior do grupo 4 no país.