Título: A Petro-Sal já tem dono
Autor: Felipe, Emídia; Mendes, Karla
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2009, Política, p. 2

Carlos Guerra, dono da Petro-Sal ou, pelo menos, do nome da empresa

O nome Petro-Sal, a sigla da empresa que o governo quer criar para administrar as riquezas do pré-sal, já tem dono e endereço. Carlos Guerra, microempresário de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, já sabe disso desde 2006, quando deu entrada no processo de registro da marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Prestadora de serviços para empresas terceirizadas da Petrobras, a Petro-Sal mossoroense tem 420m² e 17 funcionários. Reservado, Carlos prefere não falar em faturamento: ¿Passei de micro para pequeno há uns dois anos¿, conta.

O orgulho agora é maior: o nome da empresa ¿ a dele, de Mossoró ¿ está em toda a mídia. ¿Fico alegre, né? É o nome de uma estatal.¿ Ontem, ele perdeu as contas de quantas ligações atendeu. Uma das informações mais repetidas foi o porquê do nome. ¿Sou de Mossoró. Aqui tem o quê? Petróleo e sal. Eu trabalho com petróleo e sal. Então, Petrosal.¿ Depois de trabalhar por duas décadas para uma terceirizada da Petrobras, ele resolveu abrir o próprio negócio: a Petrosal Serviços Industriais Ltda. Dois anos depois, entrou com o pedido de registro da marca no INPI, que foi finalmente concedido em 2008.

A Petrosal de Mossoró também vende peças para a Petrobras e atende indústrias de refino de sal, outra riqueza abundante no Rio Grande do Norte. O pequeno empresário demonstra estar pouco à vontade com a fama recente, sobretudo quando o assunto é a relação dele com o governo federal sobre a propriedade da marca. ¿Aí só o grupo fala¿, diz, apressadamente. Ele se refere ao Grupo Princesa Marcas e Patentes, que cuida da marca Petrosal, que está tentando entrar em contato com a Petrobras. A venda da marca está na pauta, mas o valor, como destaca Marta Castagna, agente da Propriedade Industrial do grupo, está condicionado ao apego da Petrobras e do governo pelo nome Petro-Sal. ¿Tudo depende do interesse da Petrobras¿, despista. ¿O valor de uma marca pode ser de R$ 1 milhão ou R$ 100 milhões.¿

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que o governo examina, do ponto de vista jurídico, o que fazer. ¿Se a lei estabelece que ele é o dono da sigla, assim será. Vamos procurar saber o que vamos fazer. Eu acho que há tempo para isso¿, observou. ¿A iniciativa de um deputado, um senador, pode corrigir o problema, e quem sabe ele, patrioticamente, abrirá mão da sigla que detém e poderemos usá-la¿, afirmou. Questionado sobre a possibilidade de pagar pela marca, Lobão respondeu que ¿esse é um assunto que estamos examinando, mas não creio que possamos andar por aí¿.