Título: Nas prioridades, estão petróleo e siderurgia
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Fonte: O Globo, 04/03/2012, Economia, p. 44

BRASÍLIA. Os investimentos chineses concentram-se em setores intensivos em recursos naturais - petróleo e siderurgia - de acordo com o padrão mais geral da internacionalização chinesa. Vêm sobretudo de empresas estatais e se concretizam por meio da aquisição de participação acionária, normalmente de outras empresas transacionais. O perfil desses investimentos é detalhado no estudo da Apex.

Entre 2003 e 2010, 653 estatais, majoritariamente de países em desenvolvimento, realizaram projetos de investimento de US$ 1,181 trilhão, sendo que 50 eram chinesas. Estas aplicaram US$ 163 bilhões, ou 13,8% do total.

A força das grandes empresas estatais chinesas - ou das companhias consideradas privadas com fortes conexões com o Estado - é significativa, comparada com a das transnacionais dos países em desenvolvimento. Da lista das cem maiores, nove são chinesas. São quase todas estatais, respondem por 27% dos ativos e do emprego, e 22% das vendas desse universo de corporações. Essa participação sobe quando se considera a China ampliada por Hong Kong para, respectivamente, 37%, 29% e 44%.

Segundo o estudo, o estilo chinês de investir no exterior é diversificado: por meio de fusão ou aquisição de participações acionárias minoritárias, com valores pulverizados, ou via aquisições majoritárias. A constituição de filiais totalmente controladas desde a matriz (como ocorre com investidores de países de economia madura) ainda representa pacela pequena das operações.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a queda da participação americana na pauta chinesa é reflexo da determinação do país de reduzir sua dependência. Para ele, o Brasil tem que aproveitar este momento para fazer acordos e levar os nossos manufaturados para a China.

Marcos Lelis, coordenador da Apex, diz que o país deve reforçar controles na compra de terras pela China e elevar a produtividade, para se manter competitivo. Ele receita investir em tecnologia voltada à agricultura e à extração mineral. (V.O. e R.A.)