Título: Nas creches já inauguradas, horário integral e um professor em cada sala
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 04/03/2012, O País, p. 4

Em Goiás, unidades ensinam brincando; em PE, expectativa pela inauguração

Demétrio Weber, Letícia Lins e Marcelle Ribeiro

Sérgio Marques

Hans von Manteuffel

Marcos Alves

ANÁPOLIS e FORMOSA (GO), SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE e SURUBIM (PE), ITU e TATUÍ (SP). O centros de educação infantil do ProInfância que já começaram a funcionar são disputados pelos pais e recebem elogios. Além de prédios amplos e limpos, com banheiros infantis separados por turma e faixa etária, eles servem até quatro refeições diárias e podem funcionar em horário integral. Cada sala tem uma professora e uma auxiliar de educação.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) fornece dois modelos padronizados de projeto arquitetônico para 120 e 240 crianças. Existe a opção de reduzir o número de alunos, caso a prefeitura opte por atender as crianças em horário integral. É assim que funcionam as duas unidades do ProInfância já inauguradas em Anápolis e Formosa, em Goiás.

Em Anápolis, a creche foi batizada de Zilda Arns e atende 138 crianças, a maioria em horário integral, com entrada às 7h e saída às 17h, podendo ir até as 18h. Nas oito salas, ilustrações com números e letras são coladas nas paredes. As crianças ouvem histórias, desenham, pintam, brincam com massinha e escrevem.

- Nosso lema é ensinar brincando - resume a diretora Sandra Costa.

Secretária de Educação de Anápolis, Virgínia Maria Pereira de Melo é uma entusiasta do modelo. Ela admite demora no início das obras, mas diz que a experiência dos últimos anos permitirá acelerar a execução do programa. A meta é ter 25 unidades do ProInfância até 2014.

Virgínia conta que um dos convênios ainda não saiu do papel porque a primeira e a segunda empresas contratadas por licitação desistiram da obra.

Em Formosa, o Centro Municipal de Educação Infantil Maria Aparecida Hamu Opa chegou a ser inaugurado em janeiro de 2011, mas só começou a funcionar em setembro. A secretária de Educação Ione Magalhães Antonini diz que a demora foi causada por supostas falhas apontadas pela vistoria do MEC. Depois, o Tribunal de Contas dos municípios de Goiás teria impedido a contratação de profissionais de apoio, por conta da Lei de Responsabilidade Fiscal.

- Estava com a creche inaugurada, mas não tinha servidores para trabalhar. É uma linha de duas mãos de culpas. Hoje ninguém nos pega mais - diz Ione, prometendo maior celeridade na construção de três unidades.

Ana Paula Costa do Nascimento, de 3 anos, gosta tanto da creche do ProInfância em Formosa que chora na hora de ir embora. O pai, José Durval Costa, de 55 anos, conta que a menina faz questão de acordar cedo para ir de manhã:

- Ela adora.

Para a empregada doméstica Greice Kelle Sousa Porto, de 20 anos, que leva e busca o filho de bicicleta, a creche é o que permite que ela trabalhe:

- Sem, não ia ter como.

Em duas creches, 590 crianças atendidas

Construídas com verbas federais em parcerias com as prefeituras a custos superiores a R$1 milhão, as creches das cidades de Santa Cruz do Capibaribe e Surubim, ambas no Agreste, estão praticamente concluídas, segundo o relatório do MEC. No entanto, as creches Terezinha Figueiroa de Siqueira, em Santa Cruz, e Maria Isabel ainda não estão recebendo as 590 crianças já matriculadas. Mas as secretarias de Educação dos dois municípios asseguram que até o final da primeira quinzena deste mês os dois estabelecimentos entram em operação. Na Terezinha Figueiroa, a mobília está instalada e até a despensa já está abarrotada de alimentos não perecíveis.

- Vamos receber 290 alunos e só aguardamos a chegada de 300 brinquedos educativos, livros e computadores para o laboratório de informática - conta a diretora Mônica Miriam Gonçalves de Araújo, que semana passada administrava curso de capacitação para os 47 funcionários, enquanto uma nutricionista ensinava as merendeiras a preparar o alimento do bebês.

Na creche Maria Isabel, em Surubim, que o MEC também classificou como praticamente concluída, o mato já exige poda. Secretaria de Educação do município, Maria Berenice Pessoa conta que a unidade já recebeu os brinquedos, mas aguarda os computadores e os livros, que estão em processo de licitação. Ao todo, 300 crianças entre 0 e 4 anos estão matriculadas.