Título: Ano passado, derrota de Dilma
Autor: Souza, André de
Fonte: O Globo, 06/03/2012, O País, p. 3

Fruto de eterno embate entre ruralistas e ambientalistas, a votação do projeto que altera o Código Florestal, em maio do ano passado, foi um dos momentos de maior tensão da base dos partidos aliados com o Palácio do Planalto. O PMDB, em especial, bancou a chamada Emenda 164 - que, na prática, garantia uma espécie de anistia para desmatadores. O governo saiu derrotado, provocando a ira da presidente Dilma Rousseff.

O gesto do PMDB teve reflexos na própria distribuição de cargos no Congresso e no Ministério. Um dos defensores da posição do partido, o então deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS) ficou na "geladeira" e, mais tarde, foi perdoado por Dilma, sendo nomeado, inicialmente, para o cargo de líder do governo no Congresso e, depois, para o comando do ministério da Agricultura. Líderes governistas acreditam que aquele foi o momento de maior estresse entre o governo e base aliada.

O PMDB tem os principais expoentes da bancada ruralista, começando pelo deputado Valdir Colatto (PMDB-SC). No Senado, o governo conseguiu mudar a proposta aprovada na Câmara. O novo texto foi negociado também com ruralistas. No lugar da anistia pura e simples, foi incluído no texto dispositivo que vincula o perdão de multa à adesão a programa de recuperação de áreas degradadas.

Agora, os peemedebistas avisaram que retomar o texto da Câmara é questão de honra. Eles querem que haja a anistia das multas lavradas até julho de 2008, sem qualquer pré-requisito. O Palácio do Planalto, porém, não quer qualquer alteração no texto do Senado. Essa posição é que está emperrando a nova votação na Câmara.