Título: PSB é disputado por tucanos e petistas em SP
Autor: Ribeiro, Marcelle
Fonte: O Globo, 06/03/2012, O País, p. 9

Eduardo Campos nega intervenção e evita falar em apoios; Aécio sai em defesa de Serra e também sinaliza para socialistas

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O presidente nacional do PSB, Eduardo Campos (PSB-PE), disse que o seu partido tem até junho para escolher quem apoiará nas eleições municipais de São Paulo e negou que tenha prometido apoiar o candidato do PT, Fernando Haddad, em conversas com a presidente da República, Dilma Rousseff, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eduardo Campos disse que não há decisão preestabelecida sobre apoio em nenhum município.

O apoio do PSB na capital paulista está sendo disputado por petistas e tucanos. O presidente do diretório estadual do PSB em São Paulo, Márcio França, é secretário estadual de Turismo do governador tucano Geraldo Alckmin e já disse que a tendência do diretório estadual é apoiar a candidatura de José Serra (PSDB-SP). Mas Eduardo Campos é aliado da presidente Dilma.

Segundo Campos, o PSB está apenas começando as conversas sobre quem apoiará em São Paulo, mas fontes do partido dizem que Campos deseja mesmo que seu partido apoie Haddad.

- Esse debate é feito no município, passa pela direção estadual, e é alinhado à direção nacional do PSB. Esse processo não se conclui antes de junho. Vai ser natural que alguns defendam uma posição e outros defendam outra - disse Campos, que é governador de Pernambuco.

De acordo com o presidente nacional do PSB, o apoio em São Paulo será discutido no município, pela bancada da legenda na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional e também por outros municípios. Ele negou que a direção nacional vá decidir a questão - , que segundo, ele "não é simples nem singela" - e que vá impor a sua orientação aos diretórios municipal e estadual de São Paulo.

- Ninguém vai impor a ninguém uma posição. Essa discussão tem que ser pactuada dentro do partido - afirmou Campos.

O presidente nacional do PSB lembrou do apoio que deu a Dilma e a outros candidatos petistas, mas também do fato de o PSB já ter disputado eleições contra o PT, como a governo do estado de Pernambuco.

- O meu compromisso é com o PSB, é conduzir bem o PSB. Tenho relação com a presidente Dilma de grande estima e respeito, ajudei na eleição dela, sou da base de sustentação dela, mas nunca trocamos posições eleitorais por circunstâncias políticas na base de apoio - disse. - Não temos nenhuma decisão preestabelecida em relação a município nenhum no Brasil, muito menos em relação a São Paulo - completou Eduardo Campos, que deu palestra na Associação Comercial de São Paulo ontem ao lado do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD-SP).

Kassab, que apoia Serra, negou que tenha prometido uma secretaria a um integrante do PSB para atrair o apoio do partido de Eduardo Campos para o tucano.

Em Minas, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) assumiu ontem um discurso de defesa da candidatura de José Serra. Ao participar de uma reunião com aliados políticos em Belo Horizonte para discutir parcerias para a eleição de outubro, Aécio defendeu o apoio do PSB a Serra, em São Paulo, e disse que tem conversado sobre isso com Eduardo Campos, a quem chamou de "amigo".

- Acho que deveria prevalecer o sentimento da base do partido em São Paulo. Tanto do ponto de vista municipal, da cidade de São Paulo, quando no estado, o PSB é nosso parceiro em São Paulo. Não tenho dúvida que a identidade hoje em São Paulo do PSB é muito maior com o PSDB - disse Aécio Neves, alertando:

- Qualquer decisão a fórceps pode não trazer o resultado que se busca na base. E uma decisão tomada de cima para baixo pode até garantir minutos de TV para a candidatura do PT, mas pode não levar junto o apoio efetivo da militância e das bases do PSB.

Apesar da conhecida rixa entre ele e Serra, o tucano prometeu se empenhar na campanha eleitoral do PSDB pelo país:

- A eventual eleição do Serra fortalece muito o projeto do PSDB, independentemente de quem seja o candidato. Portanto, todos vamos estar unidos, à disposição, para, da forma que pudermos, ajudá-lo nesta eleição. E ele já mostra um enorme potencial desde a sua largada.

Haddad afirmou que o apoio do PSB em São Paulo é muito importante para sua campanha, não apenas por ser um dos partidos da base aliada, mas por não ter candidatura própria.

- Sempre manifestamos intenção de nos coligar com os partidos da base aliada do governo Dilma, com mais intensidade com os partidos que não têm candidato próprio, que é o caso do PR e do PSB. Para nós, é uma aliança muito importante pelo que ela representa, pelo simbólico, e pelo que ela sinaliza para o futuro da cidade e do país.

Haddad afirmou que conversou por telefone com Campos:

- Ele não falou em facilidade ou dificuldade, falou sobre o quadro local. Obviamente sei a opinião dele, mas ele não me antecipou os movimentos que faria.