Título: Principais credores privados da Grécia aceitam troca de dívida
Autor:
Fonte: O Globo, 06/03/2012, Economia, p. 22

Perda chega a 73%. Adesão acaba quinta-feira, e governo descarta oferta melhor

LONDRES e ATENAS. Os principais credores privados da Grécia anunciaram ontem sua adesão ao plano de troca da dívida do país. Um comitê de credores liderado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, que reúne grandes bancos), que representa 12 grandes detentores de papéis gregos e que participou da elaboração do acordo, no mês passado, concordou com a proposta do governo grego. Esta estabelece uma perda de 53,5% no valor nominal dos papéis, o que chegaria a um prejuízo real em torno de 73% após contabilizadas as perdas com pagamento de juros futuros. A operação deve reduzir o valor da dívida grega em mãos privadas em 107 bilhões.

Mais cedo, o ministro de Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, havia alertado os credores privados de Atenas que essa troca era o melhor acordo que eles conseguiriam e que o governo não hesitaria em acionar o mecanismo da cláusula de ação coletiva (CAC), que forçaria a adesão dos que não aceitassem a proposta.

- Quem pensa que resistindo conseguirá receber integralmente está enganado - disse Venizelos à agência de notícias Reuters.

O uso da CAC impedirá que os credores que não aceitarem a proposta entrem na Justiça buscando um acordo melhor, o que agilizará o processo. Os credores têm até quinta-feira à noite para aceitar a oferta de troca da dívida, que tem prazos maiores e uma taxa de retorno menor.

O IIF não informou quanto esse comitê de 12 credores possui da dívida grega privada, cujo total é de 206 bilhões.

Mas, segundo estimativas da Reuters, com base nos últimos dados divulgados, o grupo detém cerca de 45 bilhões em títulos gregos. O montante desses papéis variou durante os mais de sete meses de negociação com o governo grego, pois alguns investidores se desfizeram de seus bônus.

Fontes do setor bancário calculam que cerca de um quarto da dívida grega privada esteja nas mãos de fundos hedge. Acredita-se que estes esperem até o último minuto para anunciar sua decisão.

O comitê coordenado pelo IIF inclui bancos, seguradoras e fundos de investimento, como BNP Paribas, Deutsche Bank, Commerzbank, Allianz e Greylock Capital Management.

Venizelos disse acreditar que a participação dos credores passe de 90%. Se não atingir esse patamar mas ficar acima de 75%, a Grécia vai consultar a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre a ativação ou não da CAC. Abaixo desse nível, o acordo seria cancelado, levando a zona do euro a uma crise maior.