Título: Chávez sobe nas pesquisas após recaída
Autor:
Fonte: O Globo, 06/03/2012, O Mundo, p. 28
Segundo instituto, doença melhorou avaliação sobre o presidente; opositor teve comboio atacado
CARACAS. A descoberta da reincidência do câncer alavancou o favoritismo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, nas eleições de 7 de outubro. Apesar das especulações sobre sua real capacidade de enfrentar uma campanha e de governar o país durante mais um mandato de seis anos, uma pesquisa da empresa Hinterlaces mostra que Chávez conta com a preferência de 52% dos eleitores. A sondagem foi concluída no dia 1 de março, após a operação para retirada de um segundo tumor maligno na região da pélvis, em Cuba. Antes do anúncio da lesão, o presidente contava com 49% das intenções de voto.
- Melhorou a avaliação positiva do presidente, se reduziu o juízo crítico e aumentou a posição de apoio. Aumentaram os laços afetivos, e o chavismo se radicalizou - disse Oscar Schemel, presidente da Hinterlaces.
De acordo com a pesquisa, 71% dos venezuelanos acreditam que o presidente conseguirá se curar do câncer e disputar as eleições. Além disso, mais da metade afirma que não há um nome capaz de substituir Chávez na campanha.
O candidato único da oposição, o governador de Miranda, Henrique Capriles, obteve 34% das intenções de voto. O resultado representa uma queda de três pontos percentuais em relação à última pesquisa.
Capriles tem optado por não confrontar o presidente e se dispõe a percorrer todo o país em campanha. Ele disse que manterá essa estratégia mesmo depois de um incidente no fim de semana, quando a comitiva foi atacada por um grupo de desconhecidos durante a passagem pelo bairro pobre de Cotiza, no norte da capital. Um jovem, filho do deputado Ismael García, foi ferido a bala. O chefe da campanha, Armando Briquet, exigiu que as autoridades esclarecessem o incidente.
- Vamos seguir fazendo (a campanha). Eles não vão nos intimidar porque o que buscam com isso é que vença o medo - disse Briquet, assegurando que Henrique Capriles não pretende aumentar a segurança após o ataque.
Vice-presidente: campanha da oposição é ilegal
Capriles denunciou a presença de militantes do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), e Briquet indicou que alguns vídeos e fotos confirmam a presença de membros do partido.
Com Chávez prestes a iniciar tratamento com radioterapia em Cuba, os principais funcionários do governo classificaram as acusações como uma mentira. O vice-presidente Elías Jaua disse que os atos de violência devem ser investigados, mas que a militância do partido sabe respeitar o exercício político de outras instituições. Ele alegou, no entanto, que a campanha do opositor é "ilegal" porque de acordo com o órgão eleitoral começa apenas no dia 1º de julho.
- A movimentação do candidato se justificava quando existiam primárias, era ao menos um processo eleitoral interno - disse à Rádio União.