Título: Com juros básicos em um dígito, poupança empata com fundos DI
Autor: Neder, Vinicius
Fonte: O Globo, 08/03/2012, Economia, p. 26

Mas especialistas não recomendam migrar para caderneta porque regra pode mudar

do pibão ao pibinho

O aumento do corte na taxa básica de juros (Selic), reduzida ontem para 9,75% pelo Banco Central (BC), deixa praticamente empatadas a poupança e as aplicações de renda fixa, como CDBs de bancos e fundos DI. Nas aplicações de curto prazo (menos de seis meses), a caderneta já poderá bater os fundos DI, principalmente os com taxa de administração maior. Segundo especialistas, no entanto, ainda não é hora de migrar recursos dos fundos para a poupança.

Projeções feitas a pedido do GLOBO pela Trader Brasil Escola de Investidores mostram empate entre fundos DI e poupança. Com a Selic a 9,75%, o retorno líquido (descontados Imposto de Renda e taxa de administração de 1%) mensal dos fundos DI fica em 0,55%, para aplicação de até seis meses, e 0,57%, para aplicação de seis a 12 meses.

Governo tem menos tempo para mexer na poupança

Na projeção do professor Bolívar Godinho, do Laboratório de Finanças (LabFin) da Fundação Instituto de Administração (FIA), da USP, a poupança (que rendeu 0,59% em janeiro e 0,5%, em fevereiro) poderá ter retorno médio de 0,57% ao mês neste ano.

Apesar disso, não é hora de desistir da renda fixa. A cautela deve-se aos estudos em curso no governo para mudar a regra de remuneração da poupança.

- Só dá para dizer que é vantajoso ir para a poupança quando o governo definir as novas regras em estudo - diz Alexandre Espírito Santo, economista da Way Investimentos e professor do Ibmec/RJ. - Com o aumento do corte na Selic, há menos tempo para mudar a poupança, ainda mais em ano eleitoral.

Além disso, dá para buscar alternativas com retorno melhor - fundos de renda fixa, que aplicam em títulos prefixados, fundos multimercados ou o Tesouro Direto, programa de venda de títulos públicos pela internet.

A principal vantagem do Tesouro Direto são as baixas taxas de administração. Com a Selic menor, é preciso pesquisar.

A renda fixa rende menos quando os juros básicos caem porque a Selic baliza essas aplicações. Já a poupança tem remuneração fixa. Com isso, as rentabilidades vão se aproximando à medida que os juros caem. Historicamente baixo, o retorno da caderneta passa a ser vantajoso.

Com a poupança vantajosa, investidores podem migrar para a caderneta. Como os investimentos em renda fixa vão para títulos da dívida pública, o governo teria problemas para se financiar. Para evitá-los, seria preciso não cortar a Selic além de 9,5% ou 9%, segundo o economista Espírito Santo. Por isso, para ir abaixo disso, é necessário mexer na poupança.

Os fundos com maior taxa de administração e as aplicações com menor prazo serão os primeiros a empatar com a caderneta. Isso porque, nos fundos, o IR é cobrado de acordo com uma tabela regressiva - quanto maior o prazo, menor o imposto -, de 22,5% a 15%. A poupança é isenta da cobrança.