Título: Produção industrial cai 2,1% em janeiro
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 08/03/2012, Economia, p. 25

Resultado é o pior desde 2008 e foi puxado pelos setores automobilístico e extrativo

Vilã do "pibinho" de 2011, a indústria começou 2012 em marcha a ré, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. Influenciada principalmente por tombos no segmento de veículos e na atividade extrativa, a produção industrial brasileira teve queda de 2,1% em janeiro em relação a dezembro, na série com ajuste sazonal, e de 3,4% na comparação com janeiro do ano passado. Foi o pior resultado desde dezembro de 2008, no auge da crise internacional, mas, segundo analistas, fatores pontuais prejudicam a comparação entre os dois períodos. Em 12 meses, a produção recua 0,2%, o pior resultado desde março de 2010, quando o acumulado ficou negativo em 0,3%.

Na comparação ajustada com dezembro, a produção de veículos caiu 30,7%, com dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostrando redução de 75,8% na fabricação de caminhões. Já a indústria extrativa recuou 8,4%.

- Na indústria automobilística, o maior impacto foi da produção de caminhões, que foi quase completamente paralisada por concessão de férias coletivas e adaptação das linhas de montagem às novas exigências ambientais do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) - afirma o gerente da Pesquisa Industrial Mensal, André Macedo. - As chuvas em Minas Gerais, por outro lado, implicaram prejuízos para a extração de minério de ferro.

Excluídos esses fatores, segundo Thovan Tucakov, economista da LCA Consultores, a produção teria subido 0,5% em janeiro em relação ao mês anterior, mas cairia 2% no confronto com igual mês de 2011.

- Foram dois pontos muito fortes fora da curva, que puxaram o resultado para baixo. Sem eles, o desempenho ainda seria fraco, mas não tanto, e ficaria próximo do que vinha sendo registrado no fim do ano passado - avalia Tucakov, acrescentando que a previsão da LCA era de queda de 0,3%, tanto na comparação mês a mês quanto na interanual.

Desempenho da indústria foi pior que as previsões

Daniel Lima, analista da Rosenberg Associados, destaca que o desempenho da indústria foi pior que as expectativas do mercado, que variavam de queda de 0,3% a alta de 1,6%. A aposta da Rosenberg era de alta de 0,9%:

- A queda da produção de caminhões foi bem acima do esperado.

Dos 27 ramos de atividade pesquisados, 14 registraram queda, 12 tiveram alta e um (o de minerais não metálicos) ficou estável. Entre as categorias de uso, apenas os bens não duráveis apresentaram resultado positivo, de 0,7%, o terceiro consecutivo, acumulando ganho de 3,5%, que compensou as perdas de 3% ocorridas de agosto a dezembro. Os segmentos de eletroeletrônicos e equipamentos de comunicação (14,3%) e de edição e impressão (9,9%) puxaram a alta.