Título: Presidente prepara ações para conter insatisfação de aliados
Autor: Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 08/03/2012, O País, p. 13

Trabalho pode ajudar a afagar PDT, e verbas de emendas serão liberadas

BRASÍLIA. Sem saber da derrota que estava sendo gestada no Senado, no primeiro dia do retorno da viagem a Alemanha a presidente Dilma Rousseff retomou movimentos para conter a insatisfação na base aliada, comandada pelo PMDB e partidos menores. De um lado, a expectativa no Planalto é que Dilma faça um último esforço para neutralizar o movimento do PDT rumo à oposição ao nomear o novo ministro do Trabalho. De outro lado, Dilma passou a analisar liberações de restos a pagar do orçamento, no início da noite, em reunião com as ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti; e do Planejamento, Miriam Belchior. Os aliados cobram liberação de cerca de R$ 2,5 bilhões.

Ganha força no Planalto a indicação do deputado Vieira da Cunha (PDT-RS) para ser o novo titular do Trabalho, depois de três meses de interinidade do ministro Paulo Roberto Pinto. Há desconforto no Planalto com dois movimentos oposicionistas do PDT: a proximidade do deputado Paulinho da Força (PDT-SP) do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e as conversas frequentes do ex-ministro e presidente do partido, Carlos Lupi, com Aécio Neves (PSDB-MG).

O Planalto já foi alertado por parlamentares do PDT que o deputado Vieira da Cunha terá apoio da bancada, com exceção do deputado Paulinho, para ser ministro.

Com isso, Dilma abandona a tese que chegou a ganhar força no Planalto, de repassar o Ministério do Trabalho para bloco PTB-PSC, que tem 40 deputados. Em relação ao PR, o Planalto já mandou recados de que o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, vai permanecer no cargo. Segundo um assessor, o senador Blairo Maggi (PR-MT) era o único nome que teria aval de Dilma para ocupar um cargo no primeiro escalão. Mas com a falta de consenso do PR, essa solução foi abortada.

Além da pressão por cargos, muitos parlamentares reclamam que não estão tendo os chamados "restos a pagar" (pagamento de ficam de um ano para o outro) liberados. Esses recursos são considerados essenciais em ano de eleições municipais.

_ As promessas não foram cumpridas. Do total que foi acordado no ano passado, não foi liberado mais de 70%. Ainda falta pagar R$ 2,5 bilhões em emendas. Por isso, a relação com o governo não está boa. O Planalto está ganhando todas as votações até agora. Mas terá um momento que não vai ganhar mais _ advertiu o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO).

Em muitos casos, a ministra Ideli Salvatti tem dito que não pode liberar o dinheiro porque as prefeituras não apresentam os dados sobre as obras. A área econômica, por sua vez, tem dito à ministra que só começaria a liberar os "restos a pagar" depois de fechada as contas de 2011 e anunciado o contingenciamento de 2012.