Título: Bovespa tem maior queda desde outubro
Autor: Neder, Vinícius
Fonte: O Globo, 07/03/2012, Economia, p. 27

Temores em relação à Grécia e ao crescimento da China fazem Bolsa paulista cair 2,76%. Wall Street tem pior dia no ano

DO PIBÃO AO PIBINHO

RIO, ATENAS, LONDRES e NOVA YORK. A perspectiva de crescimento menor na economia global e temores em relação à renegociação da dívida da Grécia disseminaram pessimismo entre investidores de todo o mundo ontem, com queda expressiva nos principais mercados. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 2,76%, aos 65.114 pontos, maior queda desde 3 de outubro de 2011. O dólar comercial subiu 1,55%, a R$ 1,764, seguindo movimento também global e registrando a maior alta deste ano.

Segundo analistas, os investidores aproveitaram para embolsar os lucros recentes. Mesmo com as quedas desta semana, o Ibovespa acumula alta de 14,73% no ano.

- Tanto a alta recente quanto as preocupações com a Grécia abriram espaço para investidores embolsarem lucros nas bolsas - explica Leonardo Brito, sócio da gestora Teórica Investimentos.

O prazo para os credores privados da Grécia aderirem à proposta de renegociação termina amanhã. O governo grego informou ontem que os seis maiores bancos do país, o italiano UniCredit e alguns fundos de pensão aceitaram a oferta, que acarretará perdas em torno de 73% para os credores. Quatro fundos de pensão, no entanto, recusaram o acordo. Eles têm cerca de 2 bilhões em títulos.

Segundo a agência de notícias Reuters, esses bancos gregos e o comitê coordenado pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) representam cerca de 30% dos 206 bilhões de bônus gregos em mãos privadas.

Outro fator a pesar nos mercados foi a retração de 0,3% na economia da zona do euro no quarto trimestre de 2011. O dado divulgado ontem confirmou a projeção divulgada no mês passado. A redução da meta de crescimento da China, anunciada domingo, também contribuiu para o pessimismo dos investidores.

Na Europa, as quedas foram fortes. Londres perdeu 1,86%, Paris tombou 3,58% e Frankfurt, 3,4%. O euro recuou 0,79%, a US$ 1,3115.

Em Nova York, caíram os índices Dow Jones (1,57%), S&P 500 (1,54%) e Nasdaq (1,36%). Foram as maiores quedas este ano.

No Brasil, o IBGE também divulgou ontem o PIB do quarto trimestre, mas, como o resultado veio dentro das expectativas do mercado, não teve influência.

Papéis de mineradoras recuam até 5,86%

Com a perspectiva de crescimento global mais lento, sobretudo da China, as cotações das matérias-primas internacionais (commodities) voltaram a recuar, atingindo diretamente as ações das empresas produtoras. Para o gestor da Máxima Asset Management, Felipe Casotti, a revisão da meta chinesa é "um dado novo no cenário deste início de ano":

- A retração na zona do euro já era esperada, mas houve uma combinação de notícias ruins.

Na Bovespa, os papéis da MMX Mineração ON (ordinária, com voto) tombaram 5,86%, a R$ 9, maior queda do Ibovespa. Vale ON e Vale PNA (preferencial, sem voto) caíram 4,84% (a R$ 41,06) e 4,45% (a R$ 40,17), respectivamente.

Sobre as ações da maior produtora mundial de minério de ferro pesou ainda o anúncio de uma derrota na Justiça em um dos vários processos relacionados à cobrança de impostos cobrados pela União. O processo não terminou, mas a Justiça determinou que a Vale ofereça garantias no valor de R$ 1,6 bilhão para seguir na disputa.

Entre as siderúrgicas, Gerdau PN caiu 4,88%, a R$ 17,16. Petrobras PN perdeu 3,42%, a R$ 23,75.

* Com agências internacionais