Título: Ano novo, velhos dilemas
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 07/03/2012, Economia, p. 23

Controlar inflação e segurar o câmbio estão na mira do governo

Ainda que as perspectivas para 2012 sejam mais otimistas, o governo segue enfrentando os mesmos dilemas de 2011. Analistas ainda esperam que o Banco Central siga reduzindo os juros, mas sem perder de vista o controle da inflação. A preocupação com a valorização do real permanece, especialmente num momento em que a indústria tem um fraco desempenho e sofre forte concorrência com os importados. A taxa de investimento ainda está aquém da expansão desejada pelo governo e para o país poder crescer perto de 5% sem que a inflação subir. E a crise internacional, acrescentam especialistas, ainda enche o cenário de incertezas.

- E ainda há situações que não permitem o Brasil crescer tanto. Como equacionar segurar gastos com a necessidade de investir? Como crescer sem resolver problemas estruturais, como a questão de portos e aeroportos? Problemas internos travam o crescimento, e, muitas vezes, até mais do que as incertezas de fora - disse Mônica de Bolle, economista da Galanto.

Fazer escolhas implica riscos, lembram analistas. E o resultado do PIB de 2011 mostra exatamente isso. Para especialistas, o governo não errou ao anunciar medidas para conter o crédito e segurar a economia. Mas foi surpreendido pela intensificação da crise da zona do euro, desacelerando economia mundial.

- O governo apostou num cenário, mas a crise ficou mais forte. Juros altos com medidas para esfriar a economia puseram areia na engrenagem do PIB. O governo errou? Não. Simplesmente não deu sorte - disse o ex-diretor do Banco Central e economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas.

- Não se pode esquecer que 2011 foi conturbado com tsunami no Japão, problemas energéticos, agravamento da crise na Europa. Eventos que complicam decisões - disse Mônica. (Fabiana Ribeiro e Lucianne Carneiro)