Título: Economistas preveem 3,5% para 2012
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 07/03/2012, Economia, p. 25

Ritmo de crescimento do país deve melhorar a partir do segundo trimestre

SÃO PAULO. A economia brasileira começou 2012 como terminou 2011: em ritmo muito fraco. Mas economistas ouvidos pelo GLOBO apostam numa virada no ritmo de crescimento a partir do segundo trimestre e estimam que o Produto Interno Bruto (PIB) encerrará o ano com uma expansão de cerca de 3,5%, puxado principalmente pela volta do investimento e pelo consumo das famílias. No momento, avaliam os especialistas, o principal problema continua sendo o ritmo fraco da indústria, que deve apresentar nos três primeiros meses do ano um desempenho pior do que no quarto trimestre, quando teve contração de 0,5%.

- Esperamos contração de 0,8% no desempenho da indústria em janeiro em relação a dezembro. Setores da indústria que sofreram com a alta da importação em 2011 (bens de capital e duráveis) devem sofrer mais. E, no exterior, a situação da Grécia preocupa com um possível contágio para Itália, Espanha e Hungria, o que coloca em xeque o crescimento das exportações. Começamos o ano com incerteza, mas apostamos numa expansão de 3,5% - diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.

Para Luciano Rostagno, economista-chefe do banco WestLB, os serviços, que cresceram 0,6% no quarto trimestre de 2011, e o consumo das famílias, que teve expansão de 1,1% no mesmo período, continuam sustentando a alta do PIB neste início de ano. Com os cortes na taxa básica de juro (Selic), esperados pelo economista, a tendência é de recuperação já no segundo trimestre.

- Esperamos uma queda da Selic até 9,5%, podendo chegar a 9%, e acreditamos que o mercado de trabalho se manterá forte, sustentando o consumo das famílias. Com isso, nossa expectativa de crescimento para este ano é de 3,5% - diz Rostagno.

O superintendente do Departamento Econômico do Citibank no Brasil, Marcelo Kfouri, diz que a economia começou o ano com uma "carga negativa" do último trimestre. Mas o banco também aposta numa virada:

- Começamos o ano mais ou menos como terminamos. Indústria fraca em janeiro, consumo em alta, com vendas no varejo mostrando boa performance. Mas a economia vai fazer o caminho inverso de 2011, quando começou forte e desacelerou.

O economista-chefe do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octávio de Barros, prevê um crescimento um pouco maior, de 3,7%. Em relatório, ele afirma que os impactos da redução de juros, iniciada em 2011, começam a ser sentidos agora. O aumento do salário mínimo e a expansão prevista nos investimentos públicos vão ajudar a acelerar a economia a partir do segundo trimestre.