Título: Acordo bem-sucedido faz Bolsa subir 1,35%
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Fonte: O Globo, 09/03/2012, Economia, p. 25

Corte maior da taxa de juros também ajudou. Dólar cai 0,17%

No segundo dia seguido de otimismo nos mercados por causa dos avanços da Grécia na reestruturação de sua dívida, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa, avançou ontem 1,35%, a 66.908 pontos. O mercado reagiu ao aumento do corte na taxa básica de juros (Selic, que passou de 10,5% para 9,75% na quarta-feira) e as ações de setores ligados ao consumo interno puxaram a alta. O otimismo global levou o dólar a cair no mundo todo, mas, por aqui, o câmbio caiu menos: 0,17%, a R$ 1,762.

Com as boas notícias vindas da Grécia, o euro valorizou-se 0,95%, a US$ 1,3273. Na Europa, subiram as bolsas de Londres (1,18%), Paris (2,54%) e Frankfurt (2,45%). Nos Estados Unidos, subiram os índices Dow Jones (0,55%), S&P 500 (0,98%) e Nasdaq (1,18%).

- O cenário externo foi bom por causa da Grécia, mas a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária do BC), ajudou setores sensíveis a juros - analisa o gestor da Yield Capital, Hersz Ferman.

Construção civil e varejo foram destaque na Bolsa. A maior alta do Ibovespa foi Pão de Açúcar PN (preferencial, sem voto), com 7,38%, a R$ 86,28. Entre as construtoras, Rossi ON (ordinária, com voto) subiu 7,12% (R$ 11,73) e Brookfield ON avançou 6,19% (R$ 7,20). Das mais negociadas, Petrobras PN teve alta de 0,46% (R$ 24,09) e Vale PNA recuou 0,12%, a R$ 40,10. América Latina Logística ON caiu 2,52% (R$ 9,69), após a empresa anunciar prejuízo no quatro trimestre de 2011.

Além de beneficiar alguns setores, Ferman lembra que juros menores ajudam as empresas como um todo e atraem investidores para a Bolsa. Ontem, foram negociados R$ 7,6 bilhões na Bovespa.

O corte mais forte na Selic também mexeu no câmbio. O dólar passou a maior parte do dia em alta (de 0,79% na máxima ), mas, sem a atuação do BC no mercado, a cotação inverteu tendência no fim do pregão e seguiu a queda global da divisa americana.

- Há no mercado a percepção de que o corte nos juros é usado como instrumento contra a apreciação cambial. O BC também parece focado em ajustar os juros para enfrentar o desequilíbrio oriundo do excesso de liquidez oferecida pelos bancos centrais dos países desenvolvidos - diz a economista-chefe da BNY Mellon ARX, Solange Srour, que discorda da estratégia. - A longo prazo, seria melhor o governo cortar mais gastos, aumentar a poupança interna e diminuir impostos, para melhorar a competitividade da indústria. (Vinicius Neder)