Título: Ex-diretor é cotado para cargo federal
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 09/03/2012, O País, p. 11

Bernardo Figueiredo, rejeitado no Senado, deve ir para estatal do trem-bala

BRASÍLIA. Após digerir a rebelião da base aliada, que rechaçou a manutenção de Bernardo Figueiredo - escolha pessoal de Dilma Rousseff - no comando da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o governo já discute o futuro deste técnico que vinha tocando o projeto do trem-bala, um dos carros-chefe do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da presidente. Pelo menos duas possibilidades estão sendo cogitadas nos bastidores do Planalto: a secretaria Executiva do Ministério dos Transportes e a presidência da Etav (Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A.), a nova estatal que cuidará do trem-bala.

Ao GLOBO, o ex-diretor da ANTT afirmou que a rejeição ao seu nome faz parte do jogo político e não o preocupa, mas admitiu estar chateado com o que chamou de "calúnia". O ex-diretor da ANTT preferiu não comentar a possibilidade de obter outro cargo no governo de Dilma.

- A vida real vai mostrar que minha passagem, longe de ser negativa para agência, foi positiva - disse.

Figueiredo enfrentou forte oposição do senador Roberto Requião (PMDB-PR), que apresentou acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que aponta várias irregularidades na gestão da ANTT. Requião destacou que o Ministério Público Federal o acusa de ter se omitido no papel de fiscalizador das concessionárias de linhas férreas e ainda de ter contribuído para que empresas privadas dilapidassem o patrimônio da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Sobre Requião (PMDB-RS), Figueiredo limitou-se a dizer:

- O Requião não é amigo, nem inimigo. Não é nada.

Mais do que a demarcação de posição do PMDB, a briga que acabou derrubando o diretor da ANTT também mudou de mãos o controle da agência. Ficarão no poder diretores recomendados pelo PMDB, PTB e PR, partidos que se encarregaram de recusaram o nome do ex-diretor.