Título: Notáveis tratarão dos principais temas
Autor: Melo, Liana
Fonte: O Globo, 11/03/2012, Economia, p. 42

De Clinton a Amartya Sen, personalidades farão recomendações a chefes de Estado e governo

Eliane Oliveira

Helena Celestino

BRASÍLIA. Em formato inédito para reuniões do gênero, os organizadores da Rio+20 - conferência mundial sobre desenvolvimento sustentável que acontecerá em junho - decidiram dedicar quatro dos dez dias do evento à sociedade civil. Um grupo de 90 "notáveis" entregará aos mais de cem chefes de Estado e de governo presentes um conjunto de 27 recomendações.

Notáveis são pessoas que ficaram famosas por terem se destacado em determinada área - boa parte ganhadora ou indicada para o prêmio Nobel - que, hoje, exercem algum tipo de influência no planeta. O russo Mikhail Gorbachev, principal responsável pela derrocada do comunismo soviético e, consequentemente, pelo fim da Guerra Fria; o ex-presidente americano Bill Clinton; e o sul-africano Desmond Tutu e os economistas indiano Amartya Sen e americano Joseph Stiglitz fazem parte do grupo que vem ao Rio de Janeiro.

Os notáveis trabalharão sobre nove temas escolhidos pelos governos: segurança alimentar, crise econômica, energia, água, oceanos, cidades sustentáveis, erradicação da pobreza, economia do desenvolvimento sustentável, desemprego, trabalho decente e imigrações.

À primeira vista, a impressão que se tem é que a Rio+20 tratará somente de clima e meio ambiente. Não é verdade. Os países farão um documento contendo metas a serem atingidas em 20 anos, a partir de 2015, com foco em desenvolvimento econômico sustentado e inclusão social. De acordo com um alto funcionário do governo brasileiro, dado o peso dos debates, a ideia é que parte da responsabilidade sobre o que ficar decidido na conferência seja da sociedade civil.

Estima-se que participarão da Rio + 20 cerca de 45 mil pessoas. Aos olhos do mundo, o Brasil tem com o que se preocupar, ao falar sobre desenvolvimento econômico sustentado e economia verde. Um dos problemas que poderão ecoar negativamente no evento é a demora na aprovação, pelo Congresso, do novo Código Florestal brasileiro, em decorrência de uma rebelião na base aliada.

Por outro lado, o governo brasileiro estará em peso no Rio para falar sobre aspectos positivos do Brasil, especialmente em relação à economia e à inclusão social. Além dos aspectos macroeconômicos do país, o objetivo é mostrar que aqui existe um mercado sólido, pronto para receber recursos para investimentos produtivos, mas que não aceita capital especulativo.

O documento final do encontro em negociação deverá incluir um organismo específico para tratar de desenvolvimento sustentável nas Nações Unidas. Poderá ser um conselho ou uma agência da ONU.