Título: Rivais insistem em bater o Rafale
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2009, Mundo, p. 17

Suecos e americanos desafiam favoritismo francês para contrato bilionário com a FAB

As três empresas que concorrem no programa F-X2, para a venda de 36 caças à Força Aérea Brasileira (FAB), tentam demonstrar a cada dia que se mantêm firmes na disputa. Um dia depois de o governo norte-americano renovar a oferta de transferência de tecnologia com a possível venda do F -18 Super Hornet, o diretor-geral da sueca Gripen Brasil, Bengt Janer, disse ter esperança que ¿a decisão política (do Brasil) reflita a decisão técnica¿. Do lado francês, o ministro da Defesa, Hervé Morin, deixou claro que considera favorito o caça Rafale: ¿A venda está adiantada, será concluída no dia em que for assinada¿.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse ontem que os EUA precisam ser mais claros sobre a transferência de tecnologia. ¿É preciso ver o que se entende por (tecnologia) necessária. Necessária deles ou nossa?¿, questionou. Jobim destacou que os franceses ofereceram ¿transferência irrestrita¿, mas que isso ainda será avaliado pela comissão da FAB responsável pela análise técnica. O ministro assumiu que há uma ¿disputa acirrada¿, mas reafirmou que existe uma ¿decisão política¿ tomada pelo presidente. ¿Para que essa decisão política não possa ser executada, vai depender da Dassault(fabricante do Rafale) e também das outras, porque aí você precisa ter comparativo¿, disse. As negociações com os franceses devem ser retomadas hoje ou amanhã.

Em entrevista ao Correio, Janer confirmou que a FAB não finalizou o relatório que será entregue a Jobim. Por isso, os concorrentes poderão continuar detalhando as propostas pelo menos até o fim do mês. ¿Temos total confiança na concorrência que está sendo conduzida pelo governo brasileiro. O que aconteceu (no 7 de setembro) foi uma pressão do governo francês¿, afirmou o representante da proposta sueca. Segundo ele, o governo brasileiro não entrou em contato para comentar o comunicado conjunto divulgado durante a visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, que anunciava o início das negociações para a compra do Rafale.

¿Para nós, a concorrência continua. Seguimos apresentando a nossa proposta, que acreditamos ser a melhor¿, insistiu. Sobre a possibilidade de uma decisão política favorecer os franceses ¿ tendo em vista os acordos militares recém-fechados com o Brasil ¿, Janer disse apenas esperar que a posição da FAB não seja desconsiderada. ¿Minha esperança é que a decisão política reflita a decisão técnica, seja qual for o vencedor.¿

Montagem

O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Boeing, Mike Coggins, revelou que a proposta americana garante que dois terços dos caças vendidos ao Brasil sejam montados na fábrica da Embraer, em São José dos Campos (SP). Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, ele afirmou que só os 12 primeiros aviões seriam finalizados na fábrica militar da Boeing, em Saint Louis (Missouri). ¿Se o Brasil escolher essa opção, estamos no páreo, e o governo americano está no páreo desde fevereiro, quando nos garantiram total aprovação e autoridade¿, afirmou Coggins. Já Janer, representante do Gripen, lembrou que a proposta sueca traz a disposição de montar o caça no Brasil ¿desde a primeira unidade¿.

O ministro francês da Defesa, contudo, prefere destacar o comunicado do Planalto, que garante que ¿a negociação, de agora em diante, vai priorizar o Rafale¿. Segundo Hervé Morin, França e Brasil se engajaram em uma parceria estratégica e estão em sintonia sobre os principais temas globais.

A venda está adiantada, será concluída no dia em que for assinada¿

Hervé Morin, ministro da Defesa da França

O número 5 bilhões de euros Preço estimado dos 36 caças Rafale oferecidos pela francesa Dassault