Título: Brizola Neto deve assumir pasta do Trabalho
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/03/2012, O País, p. 5

Apoiado pelas centrais, pedetista será anunciado até o fim da semana, junto com representante do PR nos Transportes

Cristiane Jungblut Evandro Éboli

BRASÍLIA. A novela da escolha do substituto do ex-ministro Carlos Lupi no Ministério do Trabalho deve ter um desfecho oficial em breve, com o anúncio do deputado Brizola Neto (PDTRJ) para o cargo. Apesar de fazer política no Rio de Janeiro, o neto do líder trabalhista Leonel Brizola nasceu no Rio Grande do Sul, em1978; sua experiência da área vem do cargo de secretário de Trabalho no governo Sérgio Cabral.

A escolha, antecipada ontem por Ilimar Franco na coluna Panorama Político, deve ser anunciada junto com a indicação de um representante do PR para o Ministério dos Transportes até o final da semana. Hoje, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, pretende formalizar a escolha do ministro do PDT em reunião com o líder pedetista na Câmara, André Figueiredo (CE).

Neto de Leonel Brizola é apoiado pela CUT

Dilma também manifestou simpatia pelo nome do deputado gaúcho Vieira da Cunha (PDT). Mas ontem fontes do Planalto informaram que o mais cotado é Brizola Neto, apoiado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Brizola Neto, que não era o preferido da cúpula do PDT e de Lupi, às vezes perde a cabeça, como em em junho de 2009, na Comissão de Anistia. Na reunião da comissão que, naquele julgamento, negou o pagamento de uma indenização mensal de R$ 16,9 mil à sua avó materna, Doris Daudt, Brizola Neto irritou-se e xingou um conselheiro de "cara de pau".

Doris é viúva de Alfredo Daudt, ex-piloto militar que, na ditadura, foi cassado e perdeu o direito de exercer a profissão.

Daudt e dezenas de outros pilotos na mesma situação foram anistiados em 1985. Seus familiares já recebem prestação mensal de cerca de R$ 16 mil. Um dos conselheiros reagiu à agressão verbal de Brizola Neto e afirmou que ele, como parlamentar, usava o cargo público para atuar em causas particulares. O deputado foi para o plenário discursar contra a Comissão de Anistia.

A presidente Dilma Rousseff o conhece desde a infância, da época em que foi do PDT no Rio Grande do Sul. E o pedetista Carlos Araújo, ex-marido da presidente, foi consultado sobre as negociações dentro do partido. O nome de Brizola Neto tem o apoio do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, que ainda articulou o apoio da Força Sindical e de outras centrais ao parlamentar.

Deputado ganhou pontos ao votar a favor do Funpresp

Na bancada do PDT, a avaliação é que Brizola Neto não agrega mais votos em favor do governo e que sua opinião não é predominante nas discussões internas com líderes dos demais partidos. Na semana passada, Brizola Neto ganhou pontos ao votar a favor do projeto que cria o Regime de Previdência Complementar do Servidor Público da União (Funpresp), ao contrário do resto do PDT: 22 foram contra e só dois a favor.

A avaliação dentro do PDT e entre os aliados é que será, mais uma vez, uma escolha pessoal da presidente. Brizola Neto é suplente de deputado e deveria sair até o início de abril, quando Sérgio Zveiter deixará o governo de Sérgio Cabral e será candidato a prefeito. Ele havia sido eleito para o mandato de 2007 a 2011 e, depois, assumiu como suplente, a partir de novembro de 2011.

Brizola Neto cursou Direito, mas não chegou a se formar.

— O que a bancada combinou é que não haverá vetos a A, B ou C. O PDT não tem veto a nenhum nome — disse Figueiredo.

Para ganhar apoio, Brizola Neto procurou dirigentes da CUT.

O presidente da central, Artur Henrique, disse que vê com bons olhos sua indicação para o cargo. Segundo Henrique, Brizola Neto tem dado demonstração de estar disposto a ampliar a articulação com todos os setores e centrais sindicais, o que não acontecia na gestão Lupi.

— Papel de indicar e desindicar ministros é da presidenta Dilma. O que queremos é discutir o papel do Ministério do Trabalho, dentro de uma visão republicana de contemplar todas as forças.

E, ao que parece, o Brizola Neto tem essa visão mais ampla — afirmou o presidente da CUT