Título: Espanha acha injusto tratamento a seus cidadãos na chegada ao Brasil
Autor: Guilayn, Priscila
Fonte: O Globo, 17/03/2012, O País, p. 4

Jornal diz que governo espanhol considera que reciprocidade está sendo antecipada

MADRI. O governo espanhol considera "injusto" o tratamento que está recebendo do Brasil, segundo o jornal catalão "La Vanguardia". O diário, de tiragem nacional, afirma que, desde o dia 2 de março, seis espanhóis que desembarcaram em Guarulhos foram impedidos de entrar no país. Desta maneira, o Brasil estaria demostrando que "decidiu, de surpresa, antecipar", de acordo com o meio de comunicação espanhol, a adoção do princípio de reciprocidade, que começaria a ser posto em prática no dia 2 de abril.

Ao La Vanguardia, o diplomata Juan José Buitrago, da embaixada espanhola em Brasília, declarou que o importante é dialogar, para que o conflito possa ser resolvido sem que atrapalhe as excelentes relações bilaterais. Buitrago lamenta a "imagem injusta" que está sendo dada da Espanha no Brasil.

Por conta do suposto endurecimento no controle migratório aeroportuário aos espanhóis, o jornal catalão menciona que Guarulhos exigiu, a um dos turistas, no fim de semana passado, o comprovante do pagamento do hotel durante toda a sua estadia. O procedimento, no entanto, deveria se limitar a requerer a reserva ou, no máximo, a primeira noite paga.

Outro espanhol, Pablo Ferreirós, com quem O GLOBO teve a oportunidade de falar por telefone, afirmou que tinha todos os documentos solicitados, mas que, por viajar para assistir a um ciclo de conferências, lhe foi exigido visto de trabalho. Ferreirós, que no dia 2 de março foi devolvido no mesmo voo a Madri, voltou a viajar ao Brasil, desta vez a Porto Alegre, no dia 10 e conseguiu entrar sem problemas.

La Vanguardia relembra o caso de Dionisia da Silva, de 77 anos, que dormiu três noites no aeroporto madrilenho de Barajas por não ter apresentado a carta-convite exigida pela normativa Schengen. Cita fontes oficiais que afirmam que Dionísia recebeu atendimento médico, intérpretes, apoio e banheiro, serviços que foram considerados bons pelos inspetores de imigração brasileiros convidados a visitar as instalações de Barajas, quando começou o conflito, em 2008. Segundo estas fontes e outras testemunhas, diz o jornal catalão sem mencionar nomes, os serviços oferecidos na Espanha "superam muito os oferecidos no Brasil".