Título: Fitch ameaça rebaixar rating britânico
Autor: Doca, Geralda; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 15/03/2012, Economia, p. 21

Agência de classificação de risco cita déficit e adverte país sobre perda da nota "AAA"

NOVA YORK. A agência de classificação de risco Fitch advertiu ontem que poderá rebaixar o rating do Reino Unido, e mudou a perspectiva dos títulos soberanos do país para negativa. Em um comunicado, a Fitch afirmou que o déficit fiscal e o endividamento britânicos estão mais altos do que a maioria dos demais países que possuem a nota máxima "AAA", nivelando-se com EUA e França, que foram rebaixados recentemente.

A agência anunciou que a perspectiva negativa indica "uma chance levemente superior a 50% de um rebaixamento no horizonte dos próximos dois anos". A agência disse ainda que, até 2014, o rating "AAA" do país não estará garantido. A Fitch é a segunda agência de classificação de risco a colocar a nota soberana do Reino Unido em perspectiva negativa. No mês passado, a Moody"s também advertiu que poderá retirar a nota máxima do país.

Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o dia foi de correção. O Ibovespa, índice de referência do mercado, recuou 0,2%, aos 68.257 pontos, após a forte alta de 3% registrada na terça-feira.

- Ontem (terça-feira), a alta na Bolsa foi exagerada e é comum haver ajustes - disse Pedro Galdi, estrategista da corretora SLW.

O movimento de embolsar lucros foi visto também no mercado americano. Em Wall Street, o índice S&P 500 caiu 0,12%, enquanto o Dow Jones e o Nasdaq tiveram leves altas, de 0,12% e 0,03%, respectivamente. Na Europa, o dia foi mais otimista, pois as bolsas não tiveram alta tão forte no pregão de terça-feira. As bolsas de Paris e Frankfurt subiram 0,4% e 1,19%, respectivamente. Na contramão, Londres recuou 0,18%.

No mercado de câmbio, o pregão de ontem foi mais tranquilo. O dólar comercial subiu 0,39%, a R$ 1,807, em linha com o mercado externo, com a divisa americana se valorizando perante todas as moedas. Em alguns países emergentes a alta dólar foi maior, como na Austrália (0,93%), no México (1,28%) e na África do Sul (2,22%).

Exportadores aproveitam alta do dólar

para entrar com recursos no país

O país continua recebendo uma enxurrada de dólares, mas os recursos agora estão ingressando pelo canal do comércio exterior. Segundo dados do Banco Central (BC), o Brasil registrou uma entrada líquida de US$ 2,6 bilhões somente na semana passada.

Segundo o especialista da BGC Liquidez Alfredo Barbutti, como as medidas tomadas pelo governo para frear a entrada de dólares puxou a alta da moeda, o exportador aproveitou para trazer recursos de vendas já feitas, que estavam parados lá fora, à espera de uma taxa melhor. Esse movimento foi responsável por um saldo de US$ 2,7 bilhões na chamada "balança financeira". Nos nove primeiros dias úteis de março, o fluxo teve um saldo de US$ 5,1 bilhões.

(*) Com agências internacionais