Título: Renan já se aproxima de novo líder
Autor: Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 15/03/2012, O País, p. 11

Grupo ligado a Jucá busca acordo com Eduardo Braga para manter poder

BRASÍLIA. Há anos no poder como partido de sustentação dos governos, o PMDB deflagrou um movimento de autopreservação e começou a promover ontem a aproximação do grupo do ex-líder do governo Romero Jucá (RR) com o seu substituto, Eduardo Braga (AM). Desde segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) vem trabalhando para integrar Braga ao grupo. E ontem, com o clima ainda tenso na base aliada, a própria presidente Dilma Rousseff reforçou o recado de unidade.

No final da cerimônia de posse do novo ministro do Desenvolvimento Agrário, o petista Pepe Vargas, Dilma cumprimentou, com aperto de mão e abraços, Braga e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, do grupo de Jucá. Segundo Renan, Dilma pediu que os dois atuem de forma unida.

- Quero vocês juntos! - disse Dilma a Renan e Braga.

"Chego à liderança para acompanhá-lo"

Nos bastidores, a estratégia do grupo de Renan e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é cooptar Braga. Ou seja, tentar garantir a unidade do partido em defesa de seus interesses junto ao governo. Nas conversas reservadas, o clima ainda é de insatisfação com a forma como a presidente Dilma trocou Romero Jucá por Braga. A ordem, porém, é manter em público o discurso de unidade e apoio ao governo.

Após participar de uma reunião com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, o novo líder do governo no Senado foi para a reunião da bancada liderada por Renan. De lá, foram todos para o plenário prestigiar o discurso de despedida de Jucá. O aparte de Braga foi o mais longo e cheio de elogios.

- Chego à liderança não para substituí-lo, mas para acompanhá-lo, dando continuidade a seu trabalho. Vossa Excelência tem as qualidades que não tenho e não tem os defeitos que tenho.

Assim como Renan, o presidente do PMDB, Valdir Raupp (RO), disse que o partido está "cada vez mais pacificado". Mas há preocupação no Palácio do Planalto e entre os petistas com as consequências da saída de Jucá. A avaliação dos mais experientes é que haverá efeitos ruins. Diplomático, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), aposta no diálogo para acalmar a base:

- A nossa expectativa é que aumente a interlocução do líder do governo com a base.