Título: Sondas: Sete Brasil e BNDES divergem
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 14/03/2012, Economia, p. 21

Empresa espera ter até R$ 23 bi para financiamento, mas banco prevê R$ 15 bi

A Sete Brasil, que vai encomendar a construção de 28 sondas para explorar petróleo no pré-sal para a Petrobras, e o BNDES divergem sobre o volume necessário para financiar os equipamentos, com previsão de entrega para meados de 2015 à estatal. A Sete Brasil diz que o BNDES emprestará entre US$ 10,5 bilhões (R$ 18,9 bilhões) e US$ 13,2 bilhões (R$ 23,76 bilhões) até 2020. Por outro lado, o BNDES afirma que tem previsto hoje R$ 15 bilhões para as sondas, conforme antecipou O GLOBO no último domingo.

A Sete Brasil diz que as sete primeiras sondas, conforme a carta de garantia do BNDES, terão financiamento de 80% a 100% com base em um conteúdo nacional médio de 62%. A empresa afirma ainda que usou o mesmo critério para as 21 sondas restantes, já que teve uma indicação do BNDES de que as premissas para o financiamento seriam "muito semelhantes" ao que foi aplicado às sete sondas iniciais.

- Por enquanto, só há carta de garantia para as primeiras sete sondas. Esse é um documento padrão enviado para todos os projetos em análise dentro do banco - diz uma fonte no BNDES que não quis se identificar.

Prazo estimado de amortização é de 15 anos

O BNDES diz que o projeto das sete sondas está em análise e que o financiamento deve ser liberado no fim deste ano. O prazo estimado é de 15 anos de amortização, diz o banco. O BNDES prevê financiamentos de R$ 33 bilhões para projetos já mapeados que irão explorar petróleo e gás nos próximos anos.

Pelos cálculos da Sete Brasil, os recursos do BNDES correspondem à metade do investimento total previsto, de US$ 27 bilhões. A própria companhia, que tem a Petrobras e os fundos de pensão como sócios, entra com algo entre 20% e 25% (de US$ 5,4 bilhões a US$ 7 bilhões ) do total.

Para o lote de 21 sondas, a Sete Brasil só deverá assinar o contrato com a Petrobras em abril. Nesse meio tempo, ainda acerta os detalhes da contratação com os estaleiros, cuja negociação está prevista para ser concluída em dois meses. Estão em andamento conversas com a OSX, de Eike Batista, para fazer duas sondas. A Keppel Fels, em Angra dos Reis, e a Jurong Aracruz, no Espírito Santo, deverão fazer cinco cada uma. O Estaleiro Rio Grande 2, no Rio Grande do Sul, três; e o Estaleiro Enseada de Paraguaçu, na Bahia, outras seis sondas do pré-sal.

Dessas 21 sondas, apenas duas estão com contrato assinado. Além do BNDES, especialistas estão preocupados com o cenário atual. Dizem que os estaleiros não têm capacidade para atender à demanda da Petrobras. Além das 28 sondas da Sete Brasil, a Ocean Rig venceu licitação para fazer outras cinco. Com isso, dos sete estaleiros cotados para produzir os equipamentos, quatro estão em fase inicial de obras e dois passam por ampliações necessárias para iniciar a produção.

Além da divergência dos valores entre a Sete Brasil e o BNDES e do atraso em obras, há preocupação em relação à capacidade dos fornecedores, que devem ser nacionais, e à qualificação da mão de obra. Até 2013, o Sinaval, sindicato do setor, diz que serão necessários mais 25 mil trabalhadores. Hoje, há 59 mil.