Título: Magda quer tornar ANP mais ágil
Autor: Gomes, Henrique
Fonte: O Globo, 14/03/2012, Economia, p. 21

"Sinto-me confortável, onde quer que eu trabalhe, para garantir que trabalho com ética"

A nova diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, anunciou ontem que vai promover mudanças internas com o objetivo de imprimir uma gestão mais moderna no órgão regulador da indústria petrolífera para torná-lo mais ágil e eficaz. Magda antecipou que mudará o atual secretário executivo, Murilo Mota, além de trocar o comando de várias das 16 superintendências.

- Vamos mexer na gestão interna da casa. Algumas substituições vão acontecer gradualmente. A secretaria-executiva será a primeira porque é a que faz o planejamento interno da casa, então a mudança vai começar por aí - afirmou ontem Magda, em coletiva de imprensa.

Este ano, a ANP pretende realizar o seu terceiro concurso, para admitir 152 novos funcionários, dos quais a metade direcionada para reforçar as áreas de fiscalização. Somente na área de operação de plataformas, Magda pretende, pelo menos, dobrar o atual número de fiscais - que hoje são apenas dez. A executiva destacou que o mais importante não é ter um elevado número de fiscais, mas sim realizar uma fiscalização inteligente, com parcerias como faz atualmente com universidades, institutos de pesquisa, bombeiros, secretarias estaduais de Fazenda e Polícia Federal, entre outras instituições.

Magda diz que a nova gestão terá, por exemplo, um planejamento estratégico e o aperfeiçoamento de processos, com seu mapeamento e otimização. Segundo a diretora-geral, essas mudanças foram realizadas pela última vez há cinco anos.

- A primeira coisa com que estou preocupada é ajustar a gestão interna ao perfil da nova diretora-geral - explicou.

A executiva deixou claro também a necessidade de o governo federal realizar com urgência a 11 rodada de licitações de áreas para exploração de petróleo. Até o início de 2016 terminam as atuais concessões no país. Ou seja, ou as empresas descobrem petróleo nessas áreas já concedidas ou terão que devolvê-las à ANP.

Sobre o fato de ter recebido salário pela Petrobras durante seis anos já como funcionária da ANP - conforme publicado em reportagem do GLOBO no último sábado - a nova diretora-geral do órgão explicou que a sua transferência da estatal, onde trabalhava desde 1980 , para a agência em 2002 (a convite do então diretor Newton Monteiro) foi analisada pela Comissão de Ética da própria agência.

- Essa questão é velha (ser cedida pela Petrobras), e foi objeto de análise de comissão de ética. E eu só vim para cá porque a comissão entendeu que estava tudo certo - afirmou Magda.

Segundo a executiva. o Brasil agora atua em um mercado aberto no setor do petróleo, ao contrário do que ocorria há 14 anos, quando a agência foi criada, logo após o fim do monopólio em 1997. De acordo com Magda, naquela época uma pessoa da indústria do petróleo trabalhava ou na Petrobras ou no exterior. Os recursos humanos do segmento eram garimpados nas universidades, cedidos pela estatal e por outros órgãos do governo, ou recrutados entre os aposentados da Petrobras.

De 2002 a 2008, quando se aposentou pouco antes de assumir uma diretoria na ANP, Magda recebia o salário da estatal - que era repassado pela ANP, conforme prevê a legislação do servidor público em vigor.

- A questão do funcionário cedido transcende o fato de ser cedido da Petrobras ou não. A pergunta deveria ser outra: você é ética ou não? Se eu achasse que havia conflito de interesses, não teria vindo para cá. Sou uma profissional da indústria do petróleo, sou adulta, já sei muito bem o que é certo e o que é errado. Quando eu vim para cá, vim para trabalhar do jeito que era certo. A grande prova disso é que a indústria do petróleo não reclamou - afirmou Magda. - A cessão é legal. Sinto-me confortável, onde quer que eu trabalhe, para garantir que trabalho com ética. O dia em que for diferente, vocês me denunciam.