Título: Embaixada reforça alerta na região do Sinai
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Fonte: O Globo, 20/03/2012, O País, p. 9

Agências de turismo foram avisadas dos riscos na área onde duas brasileiras foram mantidas reféns

SÃO PAULO. A embaixada brasileira no Cairo reforçou o alerta a agências de turismo sobre os riscos de viajar para a região da Península do Sinai, no Egito, onde, no último domingo, duas brasileiras que participavam de uma excursão foram sequestradas por beduínos - nômades de origem árabe que vivem no deserto -, que as libertaram após mantê-las reféns por quase dez horas. O primeiro alerta do governo brasileiro fora dado no mês passado, quando dois turistas sul-coreanos e dois norte-americanos foram sequestrados em atos idênticos. Em janeiro, também no Egito, 50 turistas brasileiros foram impedidos de seguir viagem por causa de um bloqueio de beduínos.

O ônibus em que as brasileiras estavam foi interceptado por beduínos quando retornava de uma visita ao mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai. Os rebeldes levaram Sara Lima Silvério, de 18 anos, e Zélia Magalhães de Mello, de 45, além do guia turístico, o egípcio Mustafa Abou Shanab, e de um segurança do grupo, formado por frequentadores de uma igreja evangélica de Osasco, na Grande São Paulo.

Shanab contou ao GLOBO por celular que se ofereceu para que fosse levado com as brasileiras. Ele queria tranquilizá-las porque sabia que o sequestro era um ato político e que, a exemplo do que ocorreu pelo menos três vezes neste ano, os beduínos não fariam mal às turistas.

- Eles chegaram com a cabeça coberta. Levaram as mulheres e o segurança da excursão, que foi desarmado. Diziam que estávamos seguros e ninguém seria machucado - contou o guia.

Os beduínos reclamam das penas aplicadas a dois integrantes do grupo e protestam contra a violência policial praticada em outros dois, que teriam sido capturados vivos e executados.

A região da Península do Sinai é pouco habitada, mas abriga a maioria dos resorts egípcios e grande parte da população beduína pobre. Desde a revolta que derrubou o presidente Hosni Mubarak no ano passado, a região se tornou uma área ainda mais violenta, com ataques a delegacias de polícia e explosões frequentes contra oleodutos que levam gás ao vizinho Israel.

- A todo tempo nos ofereciam comida, água e chá. Perguntávamos se estávamos com frio, entregavam cobertor. Quando a noite caiu, os sequestradores sumiram e apareceu uma espécie de sheik do grupo, que pediu desculpas pela ignorância dos colegas e nos entregou para um oficial do Exército - relatou Abou Shanab.

Apesar do trauma, o grupo, inclusive as duas brasileiras sequestradas, decidiu manter a programação do passeio e voltar ao Brasil no dia 27. (Com G1)