Título: Justiça de Goiás aceita denúncia e abre processo contra Cachoeira
Autor: Carvalho, Jailton de; Pierry, Flávia
Fonte: O Globo, 21/03/2012, O País, p. 4

Mais 36 acusados de exploração ilegal de caça-níqueis também são alvo

BRASÍLIA. O juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da 11 Vara Federal de Goiás, decidiu ontem abrir processo contra Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e outros 36 cúmplices acusados pelo Ministério Público Federal de suborno de autoridades e exploração ilegal de máquinas caça-níqueis e outros jogos clandestinos, entre outros crimes. Moreira Lima também determinou a citação de 40 policiais e dois servidores públicos supostamente ligados à organização para que apresentem defesa prévia em dez dias. A partir daí, o juiz decidirá se acolhe a denúncia que pesa contra eles.

Ao todo, 79 pessoas foram denunciadas com base na Operação Monte Carlo, e não 81, como informado ontem pelo MPF. Numa outra frente do caso, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) entregou ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), requerimento para que seja aberta CPI para investigar a relação de Cachoeira com políticos. O requerimento tem 208 assinaturas, um número bem acima das 171 exigidas pelo regulamento. Para Protógenes, a CPI deve investigar indícios de relação entre Cachoeira e políticos, além de possível espionagem, chantagem e escutas telefônicas.

Entre os nomes citados até o momento estão o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e o deputado Rubens Otoni (PT-GO). Demóstenes recebeu equipamentos de cozinha de Cachoeira e também ganhou um rádio Nextel, habilitado nos Estados Unidos. O rádio dificulta rastreamento e gravação de conversas. Otoni foi filmado numa conversa em que Cachoeira oferece R$ 100 mil para campanha eleitoral.

Cachoeira pede que Otoni não declare a doação à Justiça Eleitoral. O deputado escuta e concorda. O dinheiro não aparece entre as doações recebidas e declaradas pelo deputado ao TRE de Goiás.

Na denúncia apresentada à Justiça Federal específica sobre aqueles que não têm foro privilegiado, os procuradores Lea Batista de Oliveira e Daniel Resende Salgado acusam Cachoeira e os demais suspeitos de formação de quadrilha armada, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e peculato. A pedido dos procuradores, o juiz Moreira Lima também desmembrou as investigações. Uma delas será dirigida exclusivamente contra Cachoeira e sete integrantes do grupo .

- O recebimento da denúncia é a confirmação dos indícios apontados pelo Ministério Público Federal - disse Lea Batista.

Cachoeira e seis integrantes da organização estão presos.