Título: PF começa a ouvir envolvidos no escândalo
Autor: Araujo, Isabel de
Fonte: O Globo, 22/03/2012, Rio, p. 15

Na sede do órgão, vigilantes usam uniforme da Locanty, uma das investigadas; corporação diz que não é a mesma empresa

Isabel de Araujo

Maria Elisa Alves

A Polícia Federal começou a ouvir ontem os envolvidos no escândalo da propina, revelado pelo "Fantástico", e decidiu convocar mais três pessoas para depor, elevando para 20 o número de intimados. Os três primeiros foram ontem à sede do órgão, na Praça Mauá, onde era possível ver vigilantes vestindo uniformes com a logomarca Locanty. Apesar de a Polícia Federal ter afirmado em nota que não se trata da Locanty Comércio e Serviços, que está sendo investigada, e sim da Locanty Segurança e Vigilância, o símbolo de ambas é idêntico. "Não há no momento indícios que vinculem as duas empresas", diz a nota da PF, enviada à noite.

Mais cedo, o próprio superintendente da Polícia Federal, Valmir Lemos, alimentou a confusão. Ele afirmou que o órgão ia investigar os próprios contratos firmados com a Locanty Comércio e Serviços e que, caso fossem identificadas irregularidades, eles seriam cancelados.

Ontem, depuseram Edmilson Migowski e Bruno Moreira, diretores do Instituto de Pediatria Martagão Gesteira, palco das negociações filmadas para a reportagem, e Adolpho Maia, presidente da Bella Vista, uma das empresas denunciadas. Os médicos aproveitaram para cobrar da PF informações sobre a investigação do desvio de verbas sofrida pelo instituto em agosto de 2011. A falcatrua provocou um rombo de R$120 mil.

- Na época, falsificaram a assinatura do vice-diretor (Bruno Moreira) em três ordens de pagamento para duas empresas que nunca nos forneceram nada. Denunciamos o caso à PF e nunca tivemos qualquer esclarecimento - disse Migowski, que abriu sindicância interna.

Segundo Bruno, somente ontem ele foi informado de que o responsável pelo golpe foi identificado e que a investigação está perto de ser concluída.

O presidente da Bella Vista não falou com a imprensa, mas a empresa divulgou nota dizendo que está sendo injustiçada com a suspensão de contratos,"pois nunca participou de atos ilícitos com pagamento de propinas". Segundo a nota, Jorge Figueiredo, flagrado na reportagem, é um profissional autônomo, sem vínculo empregatício com a Bella Vista. A Rufolo, outra envolvida, disse em nota que afastou funcionários que apareceram negociando propina. Embora não cite nomes na nota oficial, a funcionária da empresa mostrada na gravação é Renata Cavas. Ela aparece com o dono do grupo, Rufolo Villar.