Título: Desconfiança guia política para Oriente Médio
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 30/03/2012, O Mundo, p. 33

Planalto e Itamaraty orientam diplomatas a respeitar posições da Liga Árabe

BRASÍLIA. A posição do governo brasileiro ante os últimos acontecimentos na Síria e no Irã tem sido marcada por um profundo sentimento de desconfiança, que é compartilhado pelos demais países dos Brics. No caso da Síria, o Brasil alega existir o risco de o país árabe se transformar em mais um fracasso, causado por sanções deliberadas impostas pelas potências ocidentais, a exemplo do ocorrido no Iraque.

O Brasil apoia a proposta de paz apresentada pelo enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan. O plano de Annan prevê o fim imediato da repressão e das violações dos direitos humanos; a permissão para a entrada da ajuda humanitária no país; e o início de um processo de transição política.

Entre as orientações do Palácio do Planalto e do Itamaraty às delegações brasileiras, está a de respaldar, sempre, a opinião da Liga Árabe. O Brasil não assume posições em propostas unilaterais que ainda não foram apreciadas pelas nações integrantes da ONU, conforme observou um graduado diplomata.

Com o Irã, o leque de preocupações também é intenso. A presidente Dilma Rousseff já demonstrou, logo nos primeiros meses de seu governo, que sua política externa teria uma maior preocupação com os direitos humanos que a de seu antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A delegação brasileira chegou a aprovar, nas Nações Unidas, o envio de observadores à república islâmica. Mesmo assim, o Brasil mantém o argumento de que todo país tem direito a desenvolver um programa nuclear, desde que sua finalidade seja o uso civil, para justificar sua posição em defesa da diplomacia e contra as sanções ao Irã.