Título: Pediram para eu considerar
Autor: Filho, Michel
Fonte: O Globo, 31/03/2012, O País, p. 10
corpo corpo
JOSÉ ANTÔNIO GALÍZIO NETO
SÃO PAULO. José Antônio Galízio Neto, dono da Intech Boating, admite que doou R$ 150 mil para o PT em Santa Catarina em função da boa relação com o Ministério da Pesca, mas nega vínculo direto da doação com o contrato.
O GLOBO: Quando as lanchas ficaram prontas?
JOSÉ ANTÔNIO GALÍZIO NETO: A última ficou pronta em fevereiro do ano passado. Colocamos à disposição e eles alegaram que não tinham condições de receber. O ministério tem certamente culpa nessa história, eu não sei se é má gestão.
O senhor foi pressionado a fazer essa doação para o partido?
GALÍZIO: Não. Houve a solicitação, fiz de forma legal. Não doei para a Ideli, doei para a comitê do partido. Não tenho a menor simpatia com ela, a vi uma única vez em uma cerimônia de entrega de barco.
Já havia feito doação ?
GALÍZIO: Não, quando vim para Santa Catarina participei de campanha de um amigo que se candidatou a prefeito pelo PT, mas foi só. É óbvio que eu estava fazendo um produto, um projeto para o governo federal. É óbvio que o comitê estadual provavelmente me procurou em função disso. Me fez uma solicitação. Eu, imediatamente, neguei. Pediram para eu considerar. Conversei com o meu jurídico, sócios e achamos que não haveria problema.
Por que doaram?
GALÍZIO: A relação com o Ministério da Pesca era muito boa e o projeto nos interessava. Era a primeira grande venda do estaleiro. Não devemos nada pra ninguém, por que não doar? Não foi um pagamento, uma propina, não tinha vínculo com contrato.
Acha certo um partido ir atrás de fornecedores para fazer esse tipo de pedido?
GALÍZIO: Não acho certo, nem como cidadão, nem como empresário. É pouca vergonha se usam a máquina para achacar.
Mas foi o que aconteceu com o senhor?
GALÍZIO: Não, no meu caso foi espontâneo, mas isso acontece todo dia.