Título: Um partido cada vez mais frágil
Autor: Lima, Maria; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 31/03/2012, O País, p. 3

Para cientistas políticos, DEM arrisca sua existência ao adiar punição a senador

BRASÍLIA. O escândalo que envolve o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) atinge em cheio o DEM, que enfrentará um duro teste nas eleições municipais deste ano. Na avaliação de cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO, o partido não está morto mas terá que provar sua força para sobreviver. Uma coisa é dada como certa, o DEM está "numa saia justa". A celeridade na definição do destino de Demóstenes é apontada como fundamental para que a legenda não desfaleça.

Para o cientista político David Fleischer (UnB), a atual crise do DEM é muito pior que a perda de parlamentares para o PSD, porque mancha a imagem do partido.

- Agora, estão tentando convencer Demóstenes a se desligar. Mas o campeão da ética escorregou na sarjeta. O Demóstenes, nem para vereador acho que daria mais. O problema maior é que ele era tido um dos senadores mais contundentes em relação ao moralismo. Ele criticava todos os malfeitos, era tido como reserva moral do Senado, isso não se sustenta mais.

Na mesma linha, o cientista social e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marcus Abílio Pereira afirma que o DEM terá de se contentar em não estar no centro das atenções. Mas ainda não é o fim da legenda.

- Demóstenes é figura relevante no contexto político. Ele tinha essa bandeira contra a corrupção. É mais um baque ao DEM, partido que vem se esvaziando. Mas não vejo como um prego no caixão do DEM, que vai continuar existindo de forma secundária.

Pereira avalia que a rapidez do partido em tomar ações sobre as denúncias será vital.

- Se eles tomarem uma decisão ágil, de expulsar o Demóstenes, eles vão manter essa bandeira. Quanto mais tempo eles demorarem, pior para o partido.

Leonardo Barreto, cientista político da UnB, concorda que a celeridade do partido será fundamental para sua continuidade.

- Você tem um estrago, mas pode transformar esse estrago em coisa positiva. Dizer: "Não fomos coniventes".