Título: Saem novos laudos
Autor: Puljiz,Mara; Luiz,Edson; Filgueira,Ary
Fonte: Correio Braziliense, 16/09/2009, Cidades, p. 23

Exames de impressões digitais no apartamento do triplo homicídio serão analisados na 1ª DP a partir de hoje. Por conta de denúncia anônima, até o prefeito de Planaltina de Goiás vai depor no caso » MARA PULJIZ » EDSON LUIZ » ARY FILGUEIRA As investigações em torno da morte do casal de advogados José Guilherme Villela, 73 anos, e Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada deles, Francisca Nascimento da Silva, 58, avançaram pouco ontem. Várias diligências foram realizadas pela polícia, que ouviu também testemunhas e recebeu os primeiros laudos periciais de impressões digitais em objetos colhidos no apartamento 601/602 do Bloco C da 113 Sul, onde o crime ocorreu. Fontes ligadas à investigação afirmaram que os exames não teriam confirmado a presença de outras pessoas no imóvel, além das que ali moravam. A delegada que conduz o caso, Martha Vargas, titular da 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul), ainda não havia analisado o material entregue ontem à tarde pelo Instituto de Identificação (II). Documentos e objetos chegaram em uma viatura oficial e foram colocados em um carrinho de compras. A policia ouviu ontem, pelo menos, quatro testemunhas. Hoje, será a vez do prefeito de Planaltina de Goiás, José Olinto Neto. O depoimento dele estava marcado para a terça-feira, mas o político justificou sua ausência na 1ª DP. Alegou que estava ocupado com assuntos relacionados ao convênio com Governo do Distrito Federal, que deverá cuidar de gestão do transporte público nas cidades do Entorno. Ele garantiu ao Correio que vai depor no mesmo horário estabelecido na intimação anterior, ou seja, às 15h. A convocação de José Olinto foi uma surpresa para o próprio intimado. ¿Suspeito que seja relativo ao caso de um espancamento que presenciei em 2002, quando um policial militar agrediu um amigo meu na minha frente. Pois, por outro fato, não deve ser¿, garantiu Olinto, em conversa por telefone. O mistério deve durar, pelo menos, até o fim de seu depoimento. A polícia não explicou o porquê de tê-lo convocado. Mas fontes ouvidas pelo jornal disseram que a intimação do prefeito se deu porque o nome dele foi citado numa denúncia anônima. Segundo o interlocutor, o prefeito teria tido contato com o exministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia em que ele foi morto, em 28 de agosto. A mesma pessoa sugeriu que Olinto queria contratá-lo para advogar em ação que moveria contra uma empresa de transporte coletivo de Planaltina de GO. José Olinto Neto, porém, nega (leia entrevista). Hipóteses Os primeiro laudos do II sobre a morte do casal e da empregada chegaram ontem à 1ª DP, por volta das 14h30, e serão analisados a partir de hoje por Martha Vargas. Policiais envolvidos na apuração dos assassinatos acreditam que, a partir dos resultados, podem surgir novas hipóteses, além das de crime encomendado ou latrocínio (roubo com morte). Entre o material recolhido na residência dos Villela, estão caixas, papéis e outros objetos. Antes dessas análises, já haviam sido divulgados os laudos cadavéricos e toxicológicos. Os investigadores querem saber se outras pessoas, além dos Villela e de Francisca, estiveram no imóvel. Porém, fontes policiais afirmam que o resultado teria sido negativo. A delegada Martha Vargas não disse quais tipos de objetos foram levados para a DP nem deu detalhes de como andam as investigações, mas garantiu que está trabalhando para que o caso tenha um desfecho em pouco tempo. ¿Tenho certeza de que esses assassinos não ficarão impunes¿, destacou. A delegada voltou a fazer um apelo à população para que denuncie qualquer fato a respeito do crime no qual o casal Villela e a empregada foram mortos com 73 facadas. ¿Quem tiver alguma informação pode ligar para o 197 da Polícia Civil sem precisar se identificar¿, pediu Martha. A chefe da 1ª DP (Asa Sul) chegou ontem por volta das 10h30 para colher o depoimento de duas pessoas que já estariam no distrito. Investigadores confirmaram a realização de várias diligências em cidades do DF. Um dos locais foi Santa Maria, onde os policiais vasculharam objetos na casa de Francisca, além de ouvirem depoimentos de vizinhos, sem grandes avanços. A empregada trabalhava para o casal havia 32 anos. Ela foi a primeira a morrer, segundo os peritos. Os três corpos só foram encontrados em 31 de agosto, três dias depois dos brutais homicídio

laudos Trama não comprovada » RENATO ALVES » BRENO FORTES A Polícia Civil trabalha com duas hipóteses para o triplo assassinato na 113 Sul: latrocínio (roubo com morte) comum ou crime sob encomenda. Na primeira linha de investigação, uma ou mais pessoas teriam entrado no apartamento dos Villela para roubar as joias da família. Essa tese, a primeira levantada pela equipe da 1ª DP, se baseia no depoimento de um policial civil preso na Papuda acusado de extorsão. O agente teria ouvido de colegas de presídio o plano de três bandidos para assaltar um casal de moradores da Asa Sul, poucas semanas antes das mortes bárbaras de José Guilherme Villela, Maria Villela e de Francisca da Silva. À espera de julgamento desde o fim de 2008, o policial civil preso na Papuda decidiu procurar um dos ex-chefes para contar o que teria ouvido na penitenciária, após saber dos assassinatos ocorridos na noite de 28 de agosto no apartamento 601/602 do Bloco C da SQS 113. Na versão do agente detido, um trio do Gama soube, por meio do namorado de uma das funcionárias dos Villela, que o casal guardava dólares em um cofre instalado no closet do imóvel de 330 metros quadrados. Assim, os três, presos anteriormente por furtos e roubos, levantaram o endereço e os detalhes do apartamento. A história chegou à delegada Martha Vargas, chefe da 1ª DP. Ela mandou buscar o colega de profissão na penitenciária. Dólar O policial civil acusado de extorsão foi levado por colegas e Martha Vargas até o cenário do triplo assassinato. Ele apontou que a localização e a descrição do cofre batiam com os relatos ouvidos na cadeia. Com isso, a delegada acionou a perícia. Os técnicos colheram impressões digitais na porta do apartamento, no closet e no cofre, que, segundo familiares das vítimas, realmente costumava guardar notas de dólar e de onde foram levadas todas as joias de Maria Carvalho Villela. No entanto, em laboratório, as impressões digitais não coincidiram com as dos suspeitos. Com isso, a polícia ficou sem provas para pedir a prisão deles, e aquela que era considerada uma testemunha-chave caiu no descrédito. Como as joias desapareceram, os agentes continuam com a hipótese de latrocínio. Mas tentam identificar pistas de um crime sob encomenda. Buscam informações sobre o patrimônio dos Villela e as ações judiciais de que cuidavam. >> entrevista JOSÉ OLINTO NETO O prefeito de Planaltina de Goiás, José Olinto Neto, ganhou notoriedade há dois meses, depois de se envolver em dois casos curiosos. Em julho, ele foi denunciado por promotores de Justiça de Goiás de nepotismo. Segundo investigação do MP, Zé Neto, como é conhecido, contratou 55 servidores irregularmente. De acordo com a denúncia, Zé Neto emprega parentes próximos ¿ uma filha e uma cunhada ¿ em cargos comissionados da prefeitura. Ele próprio não negou a atitude. Em entrevista ao Correio em 11 de julho, disse que a filha merecia a vaga, mas, para evitar o problema na Justiça, afastaria a funcionária. Pouco tempo depois, José Olinto voltou a chamar a atenção. Dessa vez, o prefeito se mudou para uma barraca em frente à prefeitura e fez greve de fome (foto) para protestar contra as tarifas cobradas pela única empresa de ônibus que opera entre a cidade goiana e o Distrito Federal, a Rápido Planaltina. Queria com a atitude incluir no percurso uma cooperativa de transporte alternativo formada por correligionários. Sobre a convocação para depor no caso Villela, o prefeito garante nunca ter conhecido José Guilherme e se diz vítima de perseguição política. Confira: O senhor sabe por que foi chamado para depor? Não faço ideia. Pensei que fosse sobre esse processo no qual sou testemunha de um espancamento. Mas, se é para ajudar, estou disposto a colaborar com a investigação policial de Brasília. Existe a informação de que o senhor teria se encontrado com o advogado momentos antes de ele morrer. O senhor confirma isso? Eu não vou ao Setor Comercial Sul desde o ano passado. Nunca tive qualquer contato com esse Villela (José Guilherme). Mas a pessoa que ligou disse que o senhor estaria interessado em obter os serviços de José Guilherme para ajudá-lo numa ação contra uma empresa de ônibus. Não existe isso. Eu não movi qualquer tipo de ação contra ninguém. Isso está parecendo perseguição política, pois sou o maior defensor do DF como gestor do serviço de transporte coletivo de passageiro no Entorno. Isso tem incomodado muita gente, principalmente os empresários do setor. Além disso, a prefeitura dispõe de advogados. Eu não precisaria contratar mais um. »laudos Trama não comprovada » RENATO ALVES » BRENO FORTES A Polícia Civil trabalha com duas hipóteses para o triplo assassinato na 113 Sul: latrocínio (roubo com morte) comum ou crime sob encomenda. Na primeira linha de investigação, uma ou mais pessoas teriam entrado no apartamento dos Villela para roubar as joias da família. Essa tese, a primeira levantada pela equipe da 1ª DP, se baseia no depoimento de um policial civil preso na Papuda acusado de extorsão. O agente teria ouvido de colegas de presídio o plano de três bandidos para assaltar um casal de moradores da Asa Sul, poucas semanas antes das mortes bárbaras de José Guilherme Villela, Maria Villela e de Francisca da Silva. À espera de julgamento desde o fim de 2008, o policial civil preso na Papuda decidiu procurar um dos ex-chefes para contar o que teria ouvido na penitenciária, após saber dos assassinatos ocorridos na noite de 28 de agosto no apartamento 601/602 do Bloco C da SQS 113. Na versão do agente detido, um trio do Gama soube, por meio do namorado de uma das funcionárias dos Villela, que o casal guardava dólares em um cofre instalado no closet do imóvel de 330 metros quadrados. Assim, os três, presos anteriormente por furtos e roubos, levantaram o endereço e os detalhes do apartamento. A história chegou à delegada Martha Vargas, chefe da 1ª DP. Ela mandou buscar o colega de profissão na penitenciária. Dólar O policial civil acusado de extorsão foi levado por colegas e Martha Vargas até o cenário do triplo assassinato. Ele apontou que a localização e a descrição do cofre batiam com os relatos ouvidos na cadeia. Com isso, a delegada acionou a perícia. Os técnicos colheram impressões digitais na porta do apartamento, no closet e no cofre, que, segundo familiares das vítimas, realmente costumava guardar notas de dólar e de onde foram levadas todas as joias de Maria Carvalho Villela. No entanto, em laboratório, as impressões digitais não coincidiram com as dos suspeitos. Com isso, a polícia ficou sem provas para pedir a prisão deles, e aquela que era considerada uma testemunha-chave caiu no descrédito. Como as joias desapareceram, os agentes continuam com a hipótese de latrocínio. Mas tentam identificar pistas de um crime sob encomenda. Buscam informações sobre o patrimônio dos Villela e as ações judiciais de que cuidavam. >> entrevista JOSÉ OLINTO NETO O prefeito de Planaltina de Goiás, José Olinto Neto, ganhou notoriedade há dois meses, depois de se envolver em dois casos curiosos. Em julho, ele foi denunciado por promotores de Justiça de Goiás de nepotismo. Segundo investigação do MP, Zé Neto, como é conhecido, contratou 55 servidores irregularmente. De acordo com a denúncia, Zé Neto emprega parentes próximos ¿ uma filha e uma cunhada ¿ em cargos comissionados da prefeitura. Ele próprio não negou a atitude. Em entrevista ao Correio em 11 de julho, disse que a filha merecia a vaga, mas, para evitar o problema na Justiça, afastaria a funcionária. Pouco tempo depois, José Olinto voltou a chamar a atenção. Dessa vez, o prefeito se mudou para uma barraca em frente à prefeitura e fez greve de fome (foto) para protestar contra as tarifas cobradas pela única empresa de ônibus que opera entre a cidade goiana e o Distrito Federal, a Rápido Planaltina. Queria com a atitude incluir no percurso uma cooperativa de transporte alternativo formada por correligionários. Sobre a convocação para depor no caso Villela, o prefeito garante nunca ter conhecido José Guilherme e se diz vítima de perseguição política. Confira: O senhor sabe por que foi chamado para depor? Não faço ideia. Pensei que fosse sobre esse processo no qual sou testemunha de um espancamento. Mas, se é para ajudar, estou disposto a colaborar com a investigação policial de Brasília. Existe a informação de que o senhor teria se encontrado com o advogado momentos antes de ele morrer. O senhor confirma isso? Eu não vou ao Setor Comercial Sul desde o ano passado. Nunca tive qualquer contato com esse Villela (José Guilherme). Mas a pessoa que ligou disse que o senhor estaria interessado em obter os serviços de José Guilherme para ajudá-lo numa ação contra uma empresa de ônibus. Não existe isso. Eu não movi qualquer tipo de ação contra ninguém. Isso está parecendo perseguição política, pois sou o maior defensor do DF como gestor do serviço de transporte coletivo de passageiro no Entorno. Isso tem incomodado muita gente, principalmente os empresários do setor. Além disso, a prefeitura dispõe de advogados. Eu não precisaria contratar mais um.