Título: Depósitos superam saques na poupança
Autor: Doca, Geralda; Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 06/04/2012, Economia, p. 19

BRASÍLIA. Após dois meses em que os brasileiros tiraram mais recursos de suas cadernetas de poupança do que aplicaram, em março o volume depositado pelos poupadores superou os saques em R$ 2,522 bilhões. Esse é o maior volume de captação líquida registrada para o mês em 18 anos, quando o Banco Central (BC) começou a fazer o levantamento.

De acordo com dados divulgados ontem, esse saldo resulta de depósitos de R$ 98,940 bilhões e retiradas de R$ 96,395 bilhões. O volume de dinheiro movimentado nas poupanças cresceu em março ante fevereiro: os depósitos foram 12% maiores, e os saques, cresceram 9%.

Em janeiro e fevereiro deste ano, os saques superaram os depósitos: em fevereiro, os saques tinham sido maiores, levando a uma retirada líquida de R$ 412,5 milhões. Em janeiro, a saída foi de R$ 2,8 milhões.

No trimestre, captação líquida

foi de R$ 2,1 bilhões

No primeiro trimestre deste ano, essas contas registraram captação líquida de R$ 2,129 bilhões, após a recuperação dos depósitos obtida em março. O estoque total de recursos depositados nas cadernetas atingiu R$ 429 bilhões em março.

A maior entrada de recursos apurada em março acontece ao mesmo tempo em que o governo discute a necessidade de mudar a forma de remuneração das poupanças. Procurado, o Banco Central não respondeu se o crescimento do volume de recursos depositados no mês passado pode configurar uma tendência. Tampouco se os investidores começaram a migrar para a poupança, atraídos por rendimentos maiores e livres de Imposto de Renda e taxas de administração. Atualmente, as cadernetas rendem 6% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR).

Como a presidente Dilma Rousseff deseja reduzir mais a taxa básica de juros - a Selic -, que vem sendo diminuída desde agosto do ano passado e está em 9,75% ao ano, a remuneração da poupança precisaria ser revista, para não gerar um rendimento muito acima do de outras aplicações.

O governo já estuda a adoção de um novo modelo de remuneração, ainda em versão preliminar. A mudança imporia uma rentabilidade variável às cadernetas, deixando esse tipo de investimento em linha com as taxas praticadas no mercado.

Mesmo se tornando mais atrativa aos investidores, por ter remuneração fixa em tempos de queda dos juros básicos, o rendimento da poupança creditado aos correntistas somou R$ 2,119 bilhões em março, o menor volume desde maio de 2011, quando as poupanças renderam R$ 2,079 bilhões.