Título: Falcão nega que PT usará comissão
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 13/04/2012, Editorial, p. 10

Falcão nega que PT usará comissão

Petista volta a falar, porém, em "farsa do mensalão"; PSDB apoia investigação

BRASÍLIA. Os presidentes de PT e PSDB travaram ontem um duelo verbal em relação à finalidade da CPI e ao futuro do processo do mensalão. O presidente do PT, Rui Falcão, reconheceu que o objetivo do partido é impedir que os envolvidos no escândalo sejam condenados pelo Supremo Tribunal Federal, mas negou que o partido vá usar a CPI para esse fim.

- Precisamos desbaratar a farsa do mensalão, porque nos autos não existe nenhuma prova de utilização de dinheiro público, de compra de voto. Quando muito, haverá indícios de contribuições não contabilizadas, portanto, capazes de eventualmente configurar crime eleitoral. Por sinal, se ocorridos, já prescritos - afirmou Falcão: - Há uma grande pressão, e há veículos que estão participando disso diretamente, de fazer coincidir o julgamento do chamado mensalão com o clima eleitoral que o país vive.

O discurso de Falcão foi precedido pela divulgação de uma nota da Executiva do PT em que a sigla pede que o governo acelere a tramitação de projeto de regulação da mídia: "Agora mesmo, ficou evidente a associação de um setor da mídia com a organização criminosa da dupla Cachoeira-Demóstenes, a comprovar a urgência de uma regulação que, preservada a liberdade de imprensa e a livre expressão de pensamento, amplie o direito social à informação".

Já o presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), divulgou nota afirmando que Falcão quer criar um ambiente para que nada seja investigado. Na nota, o PSDB manifesta apoio à CPI e diz que, ao contrário do PT, defende apuração ampla que alcance agentes públicos e privados.

Segundo Guerra, a "operação abafa" mencionada por Falcão existe, mas para evitar o julgamento do mensalão. Guerra diz que "o mensalão foi desvendado há sete anos e até hoje ninguém foi punido. Pelo contrário, o PT fez questão de tentar reabilitar vários dos 37 mensaleiros, o que certamente contribuiu para que outros contraventores como Cachoeira continuassem agindo, confiando na impunidade".