Título: Rio+20 tem pelo menos 100 chefes de Estado e governo já confirmados
Autor: Justus, Paulo
Fonte: O Globo, 11/04/2012, Economia, p. 23

Rio+20 tem pelo menos 100 chefes de Estado e governo já confirmados

Representante do Brasil rebate críticas de esvaziamento do debate ambiental

Givaldo BarbosaSÃO PAULO. Pelo menos cem chefes de Estado e de Governo já confirmaram presença na Rio+20. Este é o número de presidentes e primeiros-ministros que pediram espaço para falar na plenária da conferência que ocorre em junho no Rio de Janeiro, de acordo com o embaixador André Corrêa do Lago, negociador-chefe do Brasil no evento. Ele não revelou os nomes. Procurando rebater as críticas sobre uma possível "fuga" da pauta ambiental na discussão central da conferência sobre desenvolvimento sustentável, Corrêa do Lago afirmou que aquele número mostraria a importância do evento, que vai contar com a presença de representantes de 193 países.

- Essa é a medida mais clara até agora da importância dada ao evento. Enquanto cem confirmaram, o número de chefes de Estado que já informaram que não vão comparecer na conferência é de menos de 20 - disse Lago, em evento com jornalistas em São Paulo, citando neste último caso o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron.

O embaixador informou que além dos chefes de Estado, a Rio+20 espera contar com a presença da sociedade civil. Pela primeira vez uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) vai contar com um fórum on-line para permitir a participação de estudantes, pesquisadores e representantes da sociedade organizada na discussão dos temas que estão na pauta da conferência. O site (www.riodialogues.org) será lançado oficialmente em 16 de abril e terá capacidade para receber 400 mil participantes.

- Temos uma parceria com o Google, caso seja preciso ampliar esse número de acessos - disse Lago.

Brasil vai discutir questões sociais e econômicas

A participação de chefes de Estado é uma das maiores medidas do sucesso da conferência, segundo o embaixador brasileiro. A atuação desses líderes na ONU passou por uma fase traumática em 2009, durante a conferência de Copenhague, na Dinamarca. Na ocasião, o documento elaborado pelos chefes de Estado não foi aprovado em plenário. Segundo Lago, dentro da ONU o episódio ficou conhecido como o "trauma de Copenhague", por causa do estresse que causou entre a organização e os líderes que elaboraram o documento.

- Há uma preocupação muito grande para que a Rio+20 tenha substância, por isso muitos chefes de Estado estão aguardando o andamento das negociações do acordo que sairá da conferência antes de confirmar presença. Outros líderes vão ainda considerar a situação interna de seus países antes de confirmar presença - disse Lago, citando como exemplo a campanha eleitoral nos EUA, que pode dificultar a vinda do presidente Barack Obama.

Para assegurar que haja um entendimento entre as partes, o Brasil promove amanhã e sexta um encontro entre 40 negociadores de diversos países envolvidos na conferência, no Palácio Itamaraty, no Rio, para dirimir as principais diferenças de conceituação que existem entre os países. Segundo Lago, um dos principais legados da conferência Rio+20 deve ser a definição de economia verde. A posição brasileira é de que o conceito deve englobar aspectos econômicos, sociais e ambientais.