Título: Países decidem estudar criação de um piso sociambiental para o mundo
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 14/04/2012, Economia, p. 33

Países decidem estudar criação de um piso sociambiental para o mundo

Reunião, preparatória para a Rio+20, contou com negociadores de 45 países

RIO e RECIFE. Lançar um processo para estabelecer objetivos com foco no desenvolvimento sustentável e criar um piso de proteção socioambiental para o mundo. Essas foram as conclusões da segunda rodada de discussões para destravar os principais temas que serão tratados na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que acontece em junho. O encontro, de dois dias, foi realizado no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Negociadores de 45 países, de todas as regiões do mundo, além da Comissão Europeia, tentaram chegar a um consenso sobre as diferentes visões em torno do evento. Na reunião, o Brasil mostrou que o desenvolvimento sustentável se baseia em três pilares: social, ambiental e econômico.

O objetivo principal da reunião foi debater temas como economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável, além da erradicação da pobreza e a estrutura do desenvolvimento sustentável.

Em Recife, simulação de acordo para clima

Em outro evento que antecede a Rio+20, foi realizada ontem a abertura da reunião preparatória da Rio Clima, em Recife. O deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), presidente de uma das subcomissões da Rio+20, disse que o evento na capital pernambucana pretende fazer uma simulação de um acordo de clima com os 19 países presentes na capital.

- É uma simulação que atenda aos parâmetros da ciência, que é manter a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera abaixo de 450 partes por milhão. É um exercício, e naturalmente o produto desse trabalho vai servir como instrumento da mobilização pública internacional -- disse Sirkis.

Durante todo o dia de hoje, serão discutidas ainda formas de criar uma metodologia para a discussão. Ontem, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), lembrou das preocupações com as mudanças climáticas e mostrou que, apesar dos animadores índices de desenvolvimento de Pernambuco, o semiárido ainda sofre muito por causa da exploração inadequada da caatinga. Ele lembrou que o sertão enfrenta nova estiagem. Seis cidades já decretaram estado de emergência, destacou Campos.

O Secretário do Meio Ambiente de Pernambuco, Sérgio Xavier, informou que o aquecimento global já provoca redução da falta de água no semiárido, erosão das praias da região metropolitana de Recife, devido ao aumento do nível do mar, e aumento das áreas em processo de desertificação. O encontro vai até amanhã, quando se pretende concluir um documento com recomendações para a Rio+20.

Além do clima, os negociadores brasileiros da Rio+20 não querem que o evento fique marcado como uma conferência ambiental, como a Rio-92. Por isso, a proposta é que sejam definidas metas de sustentabilidade e que a variável ambiental seja contabilizada no cálculo do PIB.