Título: Rio+20 defesa da união entre ações ambiental e social
Autor: Milhorance, Flavia
Fonte: O Globo, 26/04/2012, Economia, p. 28

Desenvolvimento sustentável e combate à pobreza precisam andar juntos nos países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), propuseram os especialistas que participaram ontem de um seminário pré-Rio+20. O tema é um dos pontos sensíveis da conferência da ONU, já que nações europeias preferem dissociar a questão ambiental da social nas discussões.

- O que é desenvolvimento sustentável para uma população que ainda está em busca de liberdade econômica? O clube do Brics ainda é muito novo, e isso pode se tornar frustrante - afirmou a pesquisadora sul-africana Sanusha Naidu, da Fundação Open Society for South Africa, durante o seminário Desenvolvimento Sustentável e a Agenda Social do Brics.

Presidente do grupo de trabalho da Rio+20, Sérgio Besserman também defendeu uma visão mais ampla sobre o desenvolvimento sustentável:

- Não podemos discutir economia verde e pobreza como se o impacto na natureza não fosse abater as populações mais pobres. Elas são rigorosamente a mesma questão. Não faz sentido a ideia dos três pilares econômico, social e ambiental, porque estamos frente a uma única história, estamos hoje esbarrando nos limites do planeta.

Para o sociólogo Sérgio Abranches, os emergentes enfrentam um dilema entre assumir um compromisso ambiental internacional e proteger sua trajetória ascendente no cenário global:

- A China, por exemplo, é muito ciosa desta ideia de países interferirem na sua política doméstica.

José Eli da Veiga, da Universidade de São Paulo (USP), acusou os países do Brics de se defenderem atrás do "biombo" do G-77 (grupo de 131 países em desenvolvimento) por não terem uma agenda clara sobre o tema :

- Quando o bloco atua em conjunto, o problema é que a realidade do Brics, por serem emergentes, é muito diferente.