Título: Lucro da Vale despenca com chuvas no Brasil e desaceleração da China
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 26/04/2012, Economia, p. 31

As chuvas no Brasil e a desaceleração da economia chinesa fizeram a Vale registrar lucro líquido de R$ 6,720 bilhões nos primeiros três meses deste ano, uma queda de 40,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao quarto trimestre de 2011, o tombo chegou a 19,6%. Em dólar, o ganho foi de US$ 3,872 bilhões - uma queda de 43,9% ante o início de 2011. O resultado, ruim, de acordo com especialistas, veio dentro do esperado pelo mercado.

Antes da divulgação do balanço, as ações Vale PNA caíram 1,46%, com a expectativa de resultados mais fracos da empresa. A justificativa da empresa é que as chuvas do início do ano afetaram a produção de minério de ferro, em Carajás (Pará) e Minas Gerais. O recuo chegou a 2,2% em relação ao início de 2011. A desaceleração na China derrubou preços do minério em cerca de 20%, dizem analistas.

Com isso, a receita operacional da mineradora também foi afetada, já que, com a queda na produção, houve menos exportações. O faturamento ficou em R$ 20,095 bilhões, recuo de 11% em relação ao início de 2011 e 24,5% menor ante o último trimestre de 2011. Em dólar, o resultado foi de US$ 11,339 bilhões, queda de 16,3%. A receita, porém, veio abaixo da expectativa dos analistas, que projetavam de R$ 22 bilhões a R$ 25 bilhões. Pesou, dizem, a alta de quase 9% nos custos neste ano.

- O resultado já era esperado pelo mercado. A mineradora perdeu em volume e em preço. O que vai ditar o ritmo a partir de agora é o nível de crescimento da China. A previsão é que o preço do minério continue caindo - disse José Luiz Garcia, gestor de Renda Variável da Mercatto Gestão de Recursos.

Frente aos fracos resultados, a Vale mostra otimismo em seu relatório. Diz que o período chuvoso no Brasil já terminou e, com isso, os embarques aumentaram em março. "Estamos confiantes que vamos entregar os volumes de vendas planejados para este ano", afirmou. Ressaltou ainda que, após a desaceleração da atividade econômica no último trimestre de 2011, "as perspectivas de crescimento global estão gradualmente melhorando".

A Vale reforçou que, embora a China cresça em ritmo mais lento, a demanda continua robusta, com importações de minério alcançando recorde de 187,2 milhões de toneladas, em avanço de 5,6% em relação ao início de 2011. Mas, por outro lado, com a queda nos preços, a importância do país asiático, em relação à receita, caiu de 31,7%, no fim de 2011, para 31,4%.

Para analistas, a receita veio abaixo das expectativas devido à alta dos custos, com as chuvas neste início de ano. Houve mais despesas com o serviço de dragagem, de manutenção nas minas a céu aberto e um maior consumo de pneus.

- A empresa teve ainda alta no custo com pessoal (com aumento de 15% no número de funcionários) e interrupções de minas (como a de níquel, no Canadá) - ressaltou Rafael Weber, analista da Geração Futuro.