Título: O Aedes em sua quinta edição
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Fonte: O Globo, 25/04/2012, Rio, p. 15

Com mais de 50.016 casos de dengue e 12 mortes, cidade tem mais uma epidemia

Apesar da baixa letalidade e de um número de casos menor do que o previsto, o Rio de Janeiro enfrenta, desde ontem, a sua quinta epidemia de dengue. A cidade - que teve epidemias em 1987, 1992, 2002 e 2008 - também é a primeira do país a decretar o agravamento da evolução da doença. O anúncio foi feito pelo secretário municipal de Saúde, Hans Dohmann, durante a divulgação do boletim semanal de acompanhamento da dengue. Segundo Dohmann, a epidemia é embasada em dois critérios: a cidade ultrapassou o índice de 300 casos por cem mil habitantes e, somado a isso, a curva de pessoas atingidas pela doença é ascendente.

De 1 de janeiro a 21 de abril, foram registrados 50.016 casos e 12 óbitos. A previsão é que o pico da doença ocorra em maio e a curva comece a cair em junho, quando há uma queda na ocorrência de chuvas, criando uma condição climática desfavorável à proliferação do Aedes aegypti. Na contramão do Rio, outras cidades brasileiras, com alto índice de casos, tiveram uma redução de 51%, segundo o Ministério da Saúde.

O secretário de Saúde disse que o anúncio da epidemia é uma "questão numérica" e ressaltou que a situação está sob controle e sem colapso no atendimento. Todos os 31 polos de atendimento à dengue, onde é feita a hidratação dos pacientes, além das outras unidades de saúde, estão em condições de atender à demanda.

A capital concentra 75% dos casos de dengue do estado. Conforme o levantamento divulgado ontem pela Secretaria estadual de Saúde, foram notificados este ano 64.423 casos suspeitos de dengue em todo o Estado do Rio e um total de 13 mortes (12 pacientes na capital e um em Niterói).

Dohmann disse que não haverá mudanças na atuação da prefeitura. Segundo ele, todo o planejamento feito em outubro previa uma das maiores epidemias de dengue da história, com a entrada do vírus 4 da doença - ao qual a população inteira é suscetível. O número de casos este ano é maior, mas a letalidade, menor. No mesmo período do ano passado, quando ainda não havia uma epidemia, foram registrados 43.742 casos e 31 mortes (o ano fechou com 51 óbitos). Em 2008, a última grande epidemia, nesta época do ano já eram computados mais de cem mil casos e 136 mortes.

Para o infectologista Edimilson Migowski, algumas questões só poderão ser respondidas no próximo verão. Como, por exemplo, se esta já é a epidemia mais agressiva do vírus 4 ou apenas o anúncio, ou seja, uma prévia, do que ainda está por vir. Outra questão é se o novo sorotipo é menos agressivo que os demais.