Título: Na Estocolmo+40, Suécia prepara sugestões para conferência no Rio
Autor: Godoy, Fernando
Fonte: O Globo, 25/04/2012, Economia, p. 29

ESTOCOLMO. Olhar para trás para mirar o futuro é a proposta da Estocolmo+40, conferência organizada pelo governo da Suécia que termina hoje na capital sueca. O encontro, que marca os 40 anos da conferência das Nações Unidas que colocou o desenvolvimento sustentável na agenda internacional, em 1972, prepara propostas para a Rio+20, em junho.

As discussões dos dois primeiros dias do evento foram no sentido de que a construção do desenvolvimento sustentável depende da transição para uma economia verde. Por mais difícil que seja definir o modelo necessário, novas formas de negócio e inovação são essenciais.

- Manter os negócios como sempre foram não é uma opção - afirmou ontem Anders Wijkman, pesquisador sênior do Instituto do Ambiente de Estocolmo e ex-deputado do Parlamento Europeu, ao resumir os debates do primeiro dia da Estocolmo+40.

Para Wijkman, a falta de opções é clara porque os recursos do planeta estão chegando ao limite. Os países desenvolvidos de hoje construíram suas riquezas com energia e matérias-primas baratas. Agora, teremos que pagar mais caro pelos recursos naturais e, portanto, será preciso usá-los de forma mais inteligente. Para os países emergentes, segundo Wijkman, a saída será se aproveitar dos preços elevados dos insumos que produzem.

Questões complexas como custo de recursos naturais

A conferência em Estocolmo debate questões complexas, como a precificação dos recursos naturais antes de extraí-los - uma espécie de "capital natural" - e a necessária mudança nas medidas de riqueza: o lucro, no caso das empresas; e o crescimento do PIB, no caso dos países. Isso sem deixar de lado o aspecto social, pois os países emergentes, ao mesmo tempo em que abraçam a economia verde, precisam reduzir a pobreza.

Também houve críticas aos líderes mundiais. A ministra sueca da Cooperação para o Desenvolvimento Internacional, Gunilla Carlsson, cobrou uma globalização da política, com os líderes colaborando mais entre si.

- Um forte compromisso político é necessário para apoiar as ideias inovadoras apresentadas na Estocolmo+40. Nesse sentido, a Rio+20 será crucial - completou a ministra sueca do Meio Ambiente, Lena Ek, no encerramento dos debates para o diálogo entre ministros previsto para hoje.

Após a discussão entre os 31 ministros presentes na Estocolmo+40 - com a previsão de participação, na abertura, do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, em viagem ao Norte da Europa -, um documento com propostas será enviado ao Brasil e ao secretariado da Rio+20. As sugestões não serão recebidas em primeira mão: a participação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, prevista inicialmente, foi cancelada e ela será representada por seu secretário-executivo, Francisco Gaetani.

* O repórter viajou a convite da Embaixada da Suécia