Título: Parlamentares escaldados com denúncias negam apoio à CPI
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 21/04/2012, O País, p. 4

Deputados citados no escândalo do mensalão deixam de assinar pedido de criação

BRASÍLIA. A CPI do Cachoeira não teve apoio de parlamentares que já se envolveram em denúncias de irregularidades. Segundo a Mesa Diretora do Congresso, assinaram 72 dos 81 senadores e 396 dos 513 deputados. Entre os 117 deputados que deixaram de assinar, estão dois réus do mensalão: Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT). Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro José Dirceu, réu no mesmo processo, também não assinou.

A deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), absolvida pela Câmara das acusações de financiamento ilegal de sua campanha eleitoral, ficou fora da lista recorde de assinaturas. Também não assinaram os deputados Paulo Maluf (PP-SP) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG), tucano que teve seu nome citado na investigação do chamado mensalão mineiro. O ex-presidente da Câmara Inocêncio Oliveira (PR-PE), também alvo de suspeitas de irregularidades, não deu seu apoio.

Outro que negou apoio foi o deputado Sérgio Morais (PTB-RS), que ficou conhecido quando disse que "se lixava para a opinião pública", na época em que foi relator do processo envolvendo o ex-deputado Edmar Moreira no Conselho de Ética da Câmara. No PTB, presidido por Roberto Jefferson, réu no mensalão, 14 deputados não apoiaram a CPI.

PT teve uma das maiores adesões à comissão

Já nomes citados em gravações do bicheiro Carlos Cachoeira apoiaram a CPI, como os deputados Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), Jovair Arantes (PTB-GO), Stepan Nercessian (PPS-RJ), Sandes Júnior (PP-GO) e Rubens Otoni (PT-GO).

O PT teve uma das maiores taxas de adesão: apenas seis dos seus 85 deputados não assinaram. O presidente da Câmara, Marco Maia (RS), e o líder do governo, Arlindo Chinaglia (SP), alegaram que, pelas funções que ocupam, não podem assinar.

O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), disse que não sabe as razões de Zeca Dirceu e alegou que cada um se posicionou como quis.

No PMDB, dos 78 registrados na Câmara, 15 não assinaram e 63 deram aval à CPI. Entre os que não assinaram, estão Nice Lobão (PMDB-MA), mãe do senador Lobão Filho (PMDB-MA), que também não assinou; a alegação é que são parentes do ministro Edison Lobão (Minas e Energia).

O PR, que discute internamente se é ou não governo, ficou rachado: 18 assinaram e 18, não. No PP, foram 20 a favor e 19 contra. O PSD teve 30 adesões e 17 ausências, de uma bancada de 47.

Na oposição, a adesão foi alta. Só dois deputados do DEM não assinaram: Lael Varrella (DEM-BA) e Mandetta (DEM-MS). No PSDB, dos 53 deputados, quatro não assinaram. No PSB, 26 assinaram, de 28. No PDT, que tem votado contra o governo em várias ocasiões, 23 deram apoio à CPI e três não apoiaram.

No Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), ex-líder do governo, assinaram, apesar de terem resistido à criação da CPI. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), assinou.

No Senado, dos nove que não aderiram a maioria é do PMDB. O destaque ficou para o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Eunício Oliveira (PMDB-CE), que diz não assinar CPIs. Nenhum senador petista deixou de assinar. O presidente licenciado do Senado, José Sarney, também não assinou.