Título: Empresa quer liderança em novos segmentos
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 15/04/2012, Economia, p. 36

Os novos investimentos da Vale são relativamente recentes. Há dez anos, a empresa era praticamente focada em minério de ferro. Em 2004, a companhia iniciou sua operação com cobre. Em 2006, entrou de vez no níquel com a compra da Inco. E, em 2007, iniciou os projetos de carvão. Mas agora a Vale espera alcançar a liderança na produção de níquel, além de ficar entre os cinco maiores produtores de potássio e carvão metalúrgico e no top ten do cobre.

- A Vale, por seu peso no minério de ferro, busca posições relevantes nestes segmentos. Não faz sentido ficar em um mercado e não ser importante nele - disse Luciano Siani, diretor de estratégia da Vale.

O projeto Salobo, em Marabá, que começou a operar em 2012, deve gerar até 100 mil toneladas de cobre por ano.

- Talvez fiquemos próximos da autossuficiência de cobre. Mas será como ocorre no petróleo, poderemos exportar parte e continuar importando cobre, mas o balanço ficará mais equilibrado - disse Siani.

A Vale produziu, em 2011, 242 mil toneladas de níquel:

- Nesse minério, temos uma certa segurança de que vamos atingir a liderança mundial, embora ainda não possamos precisar quando, se este ano ou no ano que vem. Temos dois grandes projetos, o Onça Puma, no Pará, e o de Nova Caledônia, que já estão prontos, e estamos ampliando a produção - afirmou, lembrando que cada projeto deve gerar 60 mil toneladas, ou 4% da produção mundial.

Fertilizantes reduzem vulnerabilidade da Vale

Fruto de parcerias com a Petrobras no Brasil e de grandes investimentos na Argentina, a área de fertilizantes também deve crescer em importância. Para o executivo, isso traz benefícios para o Brasil e reduz a vulnerabilidade da empresa:

- O Brasil é uma potência agrícola, mas 90% do potássio são importados. O Projeto Rio Colorado, na Argentina, é estratégico, pois visa a atender ao Brasil. E, para nós, os investimentos em fertilizantes são muito importantes, pois nos dão exposição a outros mercados, que não a China. Mesmo quando há oscilações na economia mundial, que afeta o minério de ferro, as pessoas continuam comendo, tornando a demanda por fertilizantes mais estável.

Energia e logística também crescem. E a Vale também poderá vir a extrair terras-raras:

- Hoje a empresa começa a pesquisar tecnologias para tornar essa operação economicamente viável, como titânio.

O diretor não descarta aquisições, se forem boas oportunidades. Alexandre Rangel, diretor Executivo da Ernst & Young Terco, afirma que são esperadas novas fusões e aquisições:

- A busca por minérios menos tradicionais deve ser o motor desse negócio. (Henrique Gomes Batista).