Título: Governador de Tocantins também conheceu Cachoeira
Autor: Bruno, Cássio
Fonte: O Globo, 19/04/2012, O País, p. 9

Mais um governador apareceu nas escutas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Desta vez, segundo revelam os relatórios da investigação, foi José Wilson Siqueira Campos (PSDB), do Tocantins. O tucano é citado em um diálogo entre Carlinhos Cachoeira e Gleyb Ferreira, sócio e braço-direito do contraventor, que está preso acusado de explorar jogos de azar em Goiás e no Distrito Federal. Na conversa, Cachoeira afirma ter um encontro marcado com Siqueira Campos e diz que um dos assuntos seria sobre Deuselino Valadares, que na época era chefe da Superintendência da Polícia Federal em Goiânia.

Siqueira Campos admitiu ontem ter tido um "contato rápido" com Cachoeira, em 2010, ao visitar o suplente de senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO).

"O governador Siqueira Campos foi apresentado, em 2010, ao cidadão em questão (Cachoeira) pelo hoje suplente de senador Ataídes de Oliveira, que morava no Edifício Excalibur, e era vizinho do referido cidadão. Siqueira Campos esteve, em Goiânia, para uma visita a Ataídes de Oliveira e foi apresentado a este cidadão, quando tiveram um contato rápido. Este foi o único contato entre os dois", diz a nota enviada pela assessoria de imprensa do governador.

Procurado pelo GLOBO ontem, Oliveira confirmou a versão de Siqueira Campos:

- Na recepção do prédio, o Carlos (Cachoeira) e o Siqueira conversaram por dois ou três minutinhos. Agora, depois disso, eu não fiquei sabendo de mais nada da relação dos dois. Lamento por tudo que está acontecendo - disse Oliveira, que é empresário do ramo da construção civil, doador de campanha do governador e amigo de Cachoeira.

- O Carlos foi meu amigo de infância, jogamos bola juntos. Mas ele separou da mulher e se mudou do meu prédio - completou Oliveira.

Além de Siqueira Campos, outros governadores também são citados em escutas telefônicas da Operação Monte Carlo. Um deles é o de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). De acordo com a Polícia Federal, Cachoeira usou sua rede de policiais para obter informações sobre operações policiais e vazá-las para a chefe de gabinete de Perillo, Eliane Gonçalves Pinheiro, que pediu demissão.

O outro governador foi o do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). O petista admitiu ter se encontrado com Cachoeira entre 2009 e 2010, quando era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No último dia 6, O GLOBO mostrou que as ambições de Cachoeira ultrapassavam as divisas de Goiás. Gravações feitas pela PF revelaram que o bicheiro tentou estender seus negócios a Mato Grosso, Distrito Federal e Tocantins. Ele sonhava pôr o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) próximo ao gabinete da presidente Dilma Rousseff.