Título: Ganhos extras de parlamentares podem acabar
Autor: Krakovics, Fernanda
Fonte: O Globo, 19/04/2012, O País, p. 13

BRASÍLIA. No dia em que a Comissão de Constituição e Justiça derrubou a reforma administrativa que enxugaria a estrutura da Casa, a Mesa Diretora do Senado resolveu sinalizar com o fim de pelo menos uma regalia: os 14º e 15º salários para deputados e senadores. A Mesa Diretora aprovou, por unanimidade, o envio para o plenário do projeto de decreto legislativo que acaba com os extras. A proposta ainda precisa passar pela Câmara. Vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP) afirmou que o projeto estará pronto para ser votado em plenário a partir da semana que vem.

- Há prazos regimentais a serem cumpridos e o projeto estará pronto para ser votado em plenário na próxima semana. Isso deve acontecer em até 15 dias - afirmou a vice-presidente do Senado, que substitui José Sarney (PMDB-AP), internado no Hospital Sirio-Libanês, em São Paulo, com problemas cardíacos.

Pressionados pela opinião pública, senadores ironizavam ontem, nos corredores, a cobrança pelo fim do pagamento do 14º e do 15º salários. Mas evitaram novas críticas públicas contra o final dos benefícios.

O fim dos dois salários extras causou polêmica ao ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos, no final do mês passado. Um dos mais resistentes à mudança foi o senador Ivo Cassol (PP-RO), para quem os congressistas são mal remunerados. Deputados e senadores ganham R$ 26,7 mil brutos. Além da remuneração, os senadores recebem verbas que somam R$ 170 mil por mês, por gabinete.

O senador Cyro Miranda (PSDB-GO) também estrilou, na ocasião. Em sua justificativa, ele disse que o salário líquido de R$ 19 mil não é condizente com as atividades de senador. O patrimônio declarado em 2006 de Cyro Miranda é de R$ 3 milhões.

O benefício do salário extra foi introduzido no Parlamento pela primeira vez em 1948 e vem sendo mudado desde então, com a inclusão de novos privilégios.

- Fui atrás da história. O procedimento naquela época se justificava porque os parlamentares se mudavam para o Rio com suas famílias e passavam todo o ano no Rio. Hoje, sabemos que a coisa não acontece dessa forma, voltamos todas as semanas para os estados - afirmou o relator da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos, Lindbergh Farias (PT-RJ), para justificar