Título: Krugman: guerra cambial vai continuar
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 19/04/2012, Economia, p. 29
SÃO PAULO. As repetidas queixas do governo brasileiro sobre os juros muito baixos nos países desenvolvidos, a chamada guerra cambial que está por trás da excessiva valorização do real, não vão mudar as políticas expansionistas em curso em EUA e Europa, e o Brasil continuará atraindo capitais enquanto pagar juros altos e a economia continuar crescendo. A afirmação é do economista Paul Krugman, Prêmio Nobel de 2008. Falando em evento promovido pelo Sebrae, ontem, Krugman disse que o mercado hoje "ama muito o Brasil", como acontecia há uma década com Espanha, Grécia e Irlanda.
Para ele, o Brasil tem duas maneiras de lidar com esse "desconforto": impor mais restrições aos fluxos externos de capital e baixar mais as taxas juros internas.
- Há dinheiro que quer vir para o Brasil e outros emergentes, o que eleva o valor das moedas. O real está extremamente forte, estranhamente forte, e o Bernanke (Ben Bernanke, presidente do BC americano) é acusado de ter emitido muita moeda. A história não é essa - disse Krugman. - Gritar com Bernanke e o Banco Central Europeu não vai resolver. Eles têm problemas maiores do que tornar a vida menos difícil para o Brasil.
O economista reconheceu que não há política única, "de linha dura", para enfrentar o problema cambial. Mas é possível "mitigá-lo" com mais tributação sobre capital externo e juros menores internamente.
Para Krugman, a valorização das commodities também ajudou no fortalecimento do real, e isso realmente é hoje um problema para a indústria brasileira:
- Vai ser um processo longo para um país que quer entrar na produção de bens industriais complexos. (Ronaldo D"Ercole e Paulo Justus)