Título: Dilma quer que Brasil tenha juros em patamares internacionais
Autor: Miranda, Gustavo
Fonte: O Globo, 21/04/2012, Economia, p. 26

Para presidente, país caminha para um "processo de amadurecimento"

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem que o Brasil tenha taxas de juros no mesmo nível das praticadas no mercado internacional. Segundo ela, o país caminha para um "processo de amadurecimento", que resultará em juros mais baixos. Ela voltou a reclamar dos spreads altos, afirmando que são difíceis de explicar para o mundo.

- Eu acredito que o Brasil tem de buscar um patamar de juros similar ao praticado internacionalmente. Tecnicamente fica muito difícil o Brasil, diante do que ocorre no mundo, justificar spreads tão elevados. Eu acredito que isso será um processo de amadurecimento do país. Encaminhar-se progressivamente para juros mais condizentes com a nossa realidade - disse.

Respeito da comunidade internacional

A presidente lembrou que o governo observa os princípios macroeconômicos e controla a inflação, o que tem rendido respeito da comunidade internacional ao Brasil.

- Temos uma situação muito especial em relação às economias emergentes e estamos caminhando para taxas maiores de crescimento, então os juros vão refletir cada vez mais essa realidade - afirmou a presidente Dilma.

A presidente garantiu que acompanha diariamente a situação econômica do Brasil e de outros países, e que continuará agindo dessa forma, monitorando a inflação, os preços dos produtos, o valor das commodities e a taxa de câmbio. Questionada por jornalistas sobre qual seria a taxa ideal de spread, Dilma brincou:

- Se alguém tiver essa resposta, vou indicá-lo para (o prêmio) Nobel.

A presidente conversou com jornalistas após a cerimônia de formatura dos 108 novos diplomatas brasileiros. No discurso, ela listou os principais desafios que o Brasil enfrenta neste momento: a alta taxa de câmbio, os juros e os impostos. Ela voltou a criticar os países ricos em suas medidas para sair da crise e afirmou que não deixará que "métodos não muito éticos" sucateiem a indústria brasileira.

A presidente Dilma defendeu que o mundo mudou, e agora é multipolar, citando que em grupos como o Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é protagonista. Mas que o fato de os emergentes terem ganhado importância nas negociações internacionais, não significa que o país deve investir menos na interlocução com outros atores, como os países asiáticos, os da Europa e os Estados Unidos.

- É importantíssimo que, simultaneamente, saibamos que os Brics são estratégicos para o Brasil. Nós, os Brics, somos hoje responsáveis por quase 56% da taxa de expansão da economia internacional. Nós temos um fórum no qual o Brasil não é só ouvido, o Brasil é protagonista.

Dilma disse ainda que a relação com os países da Ásia é estratégica para o Brasil porque o país é um grande fornecedor e será sempre um grande fornecedor de commodities.