Título: Aborto suspende no PT
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 18/09/2009, Brasil, p. 11

Legenda afasta dois deputados que militavam contra a posição partidária. Um dos punidos já adiantou que vai recorrer ao STF

O PT tem uma posição partidária clara pela descriminalização do aborto. E dois deputados da legenda, Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), sempre adotaram medidas extremas contra o ponto de vista do partido. Essa falta de sintonia, enfim, levou o PT a punir os dois filiados. Bassuma e Henrique Afonso tiveram os direitos partidários suspensos. A pena mais severa caiu para o parlamentar baiano, proibido durante um ano de participar de decisões na legenda e na Câmara. O partido também determinou que ele retire todos os projetos de lei contrários à descriminalização do aborto, o proibiu de participar de comissões parlamentares. Não poderá votar nem ser votado nas eleições internas. E dificilmente terá a legenda para disputar o pleito do ano que vem. Luiz Bassuma disse que não pretende seguir as determinações do PT. Afirmou que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Diretório Nacional. O parlamentar buscou transformar seu processo de quebra de ética partidária numa discussão sobre como o partido trata o aborto. ¿Eu deveria ter sido absolvido ou expulso. Não faz sentido optarem pela suspensão. Vou continuar defendendo o direito à vida e contra o aborto¿, disse. Como é de praxe a discussão interna do PT foi acalorada. Até deputados contra o aborto defenderam o afastamento do colega. O secretário-geral da legenda, José Eduardo Cardozo (SP), disse que Bassuma não se limitava a defender suas ideias, ele atacava e enfrentava quem tinha posição divergente. ¿Decidimos suspendê-lo não por sua convicção, mas por ter uma postura militante, agressiva e de ameaças contra pessoas que defendem o aborto¿, sustentou Cardozo. Henrique Afonso também respondeu a processo por ser contra o aborto, mas recebeu pena mais branda. Ele teve suspensão por 90 dias.

Nova campanha chega ao YouTube

Renata Mariz José Varella/CB/D.A Press - 27/08/2009 O relator Marco Aurélio Mello deve levar tema à votação neste semestre

Uma campanha em prol do aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro) será lançada hoje no site de vídeos YouTube como forma de sensibilizar a sociedade e também os ministros do Supremo Tribunal Federal ¿ que devem votar ainda no segundo semestre uma ação que pede a legalização da prática. Em três minutos, o vídeo conta a história de uma mulher grávida de anencéfalo, desde o diagnóstico até o enterro da criança pelo pai e sem a presença da mãe, que na ocasião está internada. No fim, a mensagem: ¿STF, ajude essas mulheres¿.

A dramatização fica por conta de atores que encenam embalados pelas narrações num estilo de cinema mudo, em preto e branco. De iniciativa do Laboratório Imagens e Palavras do Departamento de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB), com o apoio da Anis ¿ Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, a campanha pretende divulgar uma lista online de assinaturas em apoio à causa. Além disso, o filme será exibido em locais públicos estratégicos, como universidades, para incrementar o abaixo-assinado.

Protocolada em junho de 2004 no STF pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde (CNTS), a ação que questiona a criminalização do aborto em casos de anencéfalos foi ajuizada já foi objeto de uma audiência pública na Corte. Marco Aurélio Mello, relator da ação e favorável à legalização da prática, prometeu colocá-la em votação neste semestre. Atualmente, a mulher só pode abortar em caso de risco de morte ou estupro.