Título: CEF corta mais os juros e taxas de investimento
Autor: Valente, Gabriela
Fonte: O Globo, 21/04/2012, Economia, p. 27

Custo de administração de fundos chegou a cair até a metade. Banco do Brasil também estuda mesma redução

BRASÍLIA e SÃO PAULO. A guerra dos juros continua. A Caixa Econômica seguiu o caminho do Banco do Brasil e anunciou mais uma queda nas taxas. Mas foi além ao reduzir também as taxas de administração de alguns fundos de investimentos. Com isso, contribui para manter as aplicações nesses fundos, evitando migração maciça para a poupança, como teme o governo. A Caixa ainda criou produtos adaptados à realidade atual.

Os dois novos fundos têm taxas de administração de 0,7% ao ano e 1% ao ano. Um exige aplicação mínima de R$ 20 mil. Outro determina aporte inicial de mil reais. A Caixa quer aumentar a captação nestes fundos em mais de R$ 1 bilhão neste ano.

A CEF anunciou queda da taxa de administração de 3% para 1,5% ao ano no fundo Caixa Azul FIC de Renda Fixa de Longo Prazo. E de 1,85% para 1,40% ao ano no Fundo FIC Clássico de Renda Fixa de Longo Prazo, que teve o valor de aplicação inicial reduzido de mil reais para R$ 100.

O Banco do Brasil estuda fazer o mesmo, mas ainda não tem o desenho fechado das novas medidas.

- Ainda não tem nada concreto - disse o presidente da BB DTVM, Carlos Takahashi.

Em entrevista antes do anúncio da Caixa, ele apostava que não deveria acontecer uma concorrência forte entre os bancos, declaração que foi atropelada pelos fatos.

Também ontem a Caixa anunciou redução do juro máximo cobrado dos aposentados do INSS nas operações de crédito consignado. E a taxa mínima passou de 0,84% ao mês para 0,75% ao mês. A máxima, de 1,80% ao mês para 1,77% ao mês. Já no financiamento de veículos e no crédito pessoal para correntistas que recebam salário pela Caixa houve apenas redução dos juros mínimos.

CEF e BB emprestaram R$ 2,3 bi desde anuncio de cortes

Há duas semanas, Caixa e BB anunciaram pacote de redução dos juros ao consumidor. Já emprestaram R$ 2,3 bilhões desde a divulgação dos cortes. Só no BB, o crescimento das concessões de empréstimo chegou a 45%. Em resposta, os bancos privados seguiram o movimento e reduziram suas taxas.

A redução da taxa básica de juros pelo Copom esta semana, para 9% ao ano, já deixou a caderneta de poupança bem mais atrativa que muitos fundos de investimento. De acordo com o professor de finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Fábio Gallo, fundos como os referenciados DI e de renda fixa, com taxa de administração acima de 1,5%, já perdem para a poupança em rentabilidade.

- Nessas categorias, fundos com taxa superior a 1,5% perdem para a poupança, porque sobre os rendimentos ainda incide o Imposto de Renda (IR) - afirma Gallo.

COLABOROU Paulo Justus