Título: Atuação do BC não segura a queda do dólar
Autor: Rosa, Bruno
Fonte: O Globo, 21/04/2012, Economia, p. 29

Moeda americana fecha em baixa de 0,64%, a R$ 1,87, após divisa chegar a R$ 1,864 durante pregão

Mesmo com a intervenção do Banco Central (BC), o dólar fechou ontem em queda de 0,64%, cotado a R$ 1,87. Foi a primeira baixa após cinco dias consecutivos de alta da divisa. Com isso, a moeda acumula um avanço de 1,63% na semana. A autoridade monetária comprou cerca de US$ 375 milhões no mercado à vista a R$ 1,871, após a moeda atingir a mínima do dia, a R$ 1,864.

Segundo analistas, a queda do dólar está associada ao dia positivo no mercado internacional, com as bolsas da Europa e dos EUA fechando em alta, e ao movimento de entrada da divisa no país por parte dos exportadores. Reginaldo Siaca, gerente de câmbio da Advanced Corretora, lembrou que o BC mostrou a sua posição ao longo desta semana, marcado por forte instabilidade no cenário internacional:

- O BC, que comprou algo em torno de US$ 4 bilhões em leilões desde a última quinta-feira, mostrou a sua cara, já que entraram dólares no Brasil por conta das exportações. Com isso, quer posicionar a cotação entre R$ 1,80 e R$ 1,90. O BC está entrando no mercado no momento em que a moeda cai com pouco mais de força. Mas não há um piso. Nos últimos dias, entrou quando a cotação estava em diferentes patamares - disse Siaca.

Segundo Alfredo Barbutti, economista-chefe da BGC Liquidez, a autoridade monetária anunciou o leilão após observar que o dólar futuro, com vencimento para maio, saiu de R$ 1,890, no início do pregão, para R$ 1,866, por volta das 15h. Após o leilão, o dólar interrompeu o ritmo de queda e fechou a R$ 1,873 no futuro. Foi uma desvalorização de 0,61%, segundo a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F).

- Como na quinta-feira o BC não fez leilão, o mercado especulou bastante na sexta-feira. Isso é outro motivo que explica a queda na cotação de sexta-feira. Ao ver esse movimento, o BC decidiu agir. Após a intervenção, o movimento de queda arrefeceu. No mundo, por causa do bom desempenho das Bolsas na Europa e nos Estados Unidos, as moedas ganharam terreno frente ao dólar - disse Barbutti.

No cenário internacional, após dados positivos sobre a confiança dos empresários da Alemanha, que vieram acima das expectativas, o euro fechou em alta de 0,58%, a US$ 1,32. Assim, acumula avanço de 1% na última semana. O índice que mede a valorização da divisa dos EUA frente a uma cesta de moedas (o Dollar Index) registrou queda de 0,44%.

Bolsa tem queda de 0,2%, mas sobe 0,6% na semana

No mercado de ações, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em baixa de 0,2%, aos 62.494 pontos, após registrar alta por quase todo o pregão. Na semana, acumulou leve alta de 0,63%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones subiu 0,5% e S&P, 0,12%. Já a Nasdaq encerrou em baixa de 0,24%.

- O clima de incerteza na Europa ainda é muito grande. No início do pregão de sexta-feira, saíram dados positivos em relação à Alemanha, o que animou as Bolsas na Europa. O bom resultado da Microsoft também impulsionou o mercado americano. As bolsas dos EUA abriram em alta, mas reduziram o ritmo ao longo do dia. E o Brasil acabou não acompanhando esse movimento na reta final do mercado - afirmou Hersz Ferman, gestor de renda variável da Yield Capital.