Título: Cardozo, o conselheiro preferido de Dilma
Autor: Carvalho, Jailton
Fonte: O Globo, 29/04/2012, O País, p. 12

Cardozo, o conselheiro preferido de Dilma

Ministro da Justiça ganha papel de destaque

BRASÍLIA. Após a troca dos líderes no Congresso, a presidente Dilma Rousseff vem mudando o modelo da articulação política interna no Planalto.

Dilma não tem feito mais as reuniões de coordenação de governo, que na época do expresidente Lula eram semanais, e optou por concentrar decisões e se aconselhar mais de perto com poucos e privilegiados interlocutores. Em época de escândalo e da CPI do Cachoeira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, está em alta no Planalto.

Cardozo é um dos que têm frequentado com assiduidade o gabinete de Dilma, em encontros agendados ou de última hora. Além dele, os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil) são vistos com frequência no Planalto.

O ministro da Justiça começou a ganhar a confiança de Dilma na campanha eleitoral de 2010, quando integrava o grupo chamado por ela de "Os três porquinhos", ao lado do ex-presidente do PT José Eduardo Dutra e do ex-ministro Antonio Palocci. Cardozo foi o único que resistiu: Dutra deixou a presidência do PT por motivos de saúde e Palocci caiu em seis meses de governo por denúncias de aumento patrimonial irregular.

Hoje, Cardozo é um dos poucos chamados por Dilma para despachar no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Foi um dos poucos, por exemplo, que despacharam com a presidente no mesmo dia que ela chegou da viagem aos Estados Unidos.

Em 18 de abril, Cardozo estava na agenda da presidente, pela manhã, para tratar de sua pasta, e foi convocado, à tarde, para uma reunião que tratou de contratos da Delta com o governo, junto com Gleisi, Jorge Hage (Controladoria Geral da União) e Paulo Sérgio Passos (Transportes). Respeitado em todos os partidos e com experiência em CPIs, ele terá papel importante na ponte entre o governo e o Congresso na CPI do Cachoeira.

Enquanto Cardozo sobe na cotação, outros ministros perdem espaço. Amigo há décadas de Dilma, Pimentel é ouvido pela presidente nas mais diversas situações. O ministro costuma acompanhá-la nas viagens internacionais. Mas, chamuscado por causa das consultorias milionárias feitas depois que deixou a prefeitura de Belo Horizonte, ele deixou de ser um interlocutor de Dilma junto à classe política.

Já Gleisi tem se desdobrado para cumprir a função de gerente do governo. No entanto, não entra em campo para atuação política direta.

Nesse remodelamento, Dilma aboliu o briefing de conjuntura e mídia, que era feito pela manhãs com Gleisi, Helena Chagas (Comunicação), Ideli Salvatti (Relações Institucionais), José Elito Siqueira (Segurança Institucional) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral). (Luiza Damé)